Sem sutileza, Globo lança "BBB15" com marketing de guerra

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer

Crítico do UOL

A importância que o "BBB" tem para a Globo pode ser medida pela estratégia de marketing que a emissora está usando para promover a 15ª edição, cuja estréia ocorre nesta terça-feira (20).

A chamada mostra alguns dos futuros participantes e afirma que a mistura dos perfis pode resultar "no melhor BBB de todos os tempos". Como se não bastasse essa pretensão, a emissora ainda está vendendo o reality como uma "volta às origens", sugerindo que os primeiros foram especialmente melhores, o que não é verdade, e promete uma casa ocupada por "gente comum", como se nos anteriores houvesse muita gente incomum.
 
O reality show da Globo, na verdade, enfrenta dois grandes desafios -- o que explica publicidade tão descarada. Por um lado, precisa convencer os patrocinadores a continuarem apostando no formato. Por outro, os espectadores têm que voltar a acreditar no programa. Como se sabe, os índices de audiência decrescentes sinalizam um desinteresse maior a cada edição. 
 
De todas as armas já exibidas pela emissora nestes dias antes da estreia, a mais impressionante foi a visita de 18 jornalistas ao Projac, ocorrida há uma semana. Os profissionais foram levados a conhecer a casa do novo "BBB" e participaram de uma entrevista com o apresentador Pedro Bial e o diretor Rodrigo Dourado. O evento, conforme o relato do UOL, foi dos mais surreais já vistos. 
 
Momentos antes de os repórteres entrarem na casa, sem seus celulares e computadores, retidos na entrada, a Globo anunciou os nomes de 13 participantes do programa. Ou seja, de uma só vez, 18 jornalistas especializados no assunto não puderam dar informações a seus leitores sobre o assunto, enquanto a emissora fazia isso por meio do seu site.
 
Outro momento difícil de acreditar ocorreu no final da visita. Sem seus blocos de anotações, também retidos, os jornalistas ganharam uma folha de papel e uma caneta para entrevistar Bial e Dourado. Mas os entrevistados não chegaram perto dos repórteres – ficaram em outro local, visíveis apenas por meio de um telão. 
 
Quem é do ramo, sabe: entrevistar desta forma, sem contato pessoal, é uma situação ideal para o entrevistado, que tem muito mais facilidade para fugir de questões incômodas.
 
Não bastasse, Pedro Bial ainda foi bastante indelicado com uma repórter. Ela quis saber: "O BBB tem fôlego para mais quantas edições?" E ele: "Enquanto os repórteres tiverem fôlego para fazer essa pergunta".
 
Além do despropósito da ironia, a resposta contradiz o próprio apresentador. Questionado pelo UOL em novembro do ano passado sobre o seu ânimo para continuar à frente do programa, Bial respondeu: "Não sei se tenho mais fôlego para 10, 12 ou 15... Para mais uma eu tenho. De um em um eu vou".
 

Mauricio Stycer

É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.

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