A "sou toda errada" contra o "time do eu sozinho"

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer

Crítico do UOL

Em mais um lance previsível, o público eliminou Fernando, deixando Amanda para disputar com Cézar a final da 15ª edição do "BBB". 

O protagonista do programa saiu com 78% dos votos, um percentual até baixo para quem esperava uma rejeição recorde a um dos maiores jogadores da história deste reality show. 
 
Com sua lábia, Fernando foi um personagem surpreendente e, de certa forma, original. Como disse Bial, seduziu quase todo mundo na casa – Aline, Amanda e Adrilles, para citar apenas três.
 
Bem diferentes são os casos de Amanda e Cézar. Ambos são personagens que o público já viu em outras edições do programa. Arrisco dizer que ambos "construíram" os tipos que representaram ao longo destes 76 dias.
 
Como outras participantes que já passaram pelo "BBB", Amanda encarnou a mulher rejeitada. Viveu essa situação por longas semanas, até que, finalmente, conquistou seu amado. A partir deste momento, a personagem evoluiu, já que Fernando a tratava visivelmente mal.
 
Amanda, então, expôs ao máximo a situação da mal amada. A todo momento pedia provas de amor a Fernando, que nunca as oferecia. Suas três frases principais são contraditórias. "Sou toda errada", disse várias vezes. "Esses foram os dias mais felizes da minha vida", repetiu, valorizando algo que ninguém foi capaz de enxergar. "Nunca ouvi 'Eu te amo'", disse mais de uma vez.
 
Já Cézar, desde que pisou na casa, encarnou com eficiência o marketing do caubói. Com jeitão de caipira, é simpático, mas passou a sua temporada na casa sem se envolver com ninguém. Dirigindo-se exclusivamente ao público, com a sua fala enrolada, vendeu a ideia de pureza e ingenuidade.
 
Várias de suas atitudes, porém, mostraram que de bobo não tem nada. Acompanhava atentamente todas as discussões e sabia muito bem como a casa havia se dividido. Com muita habilidade, não comprometeu com nenhum dos dois grupos.
 
A final, na terça, vai opor estes dois tipos que o público do "BBB" conhece bem. Para mim, ver Amanda e Cézar na final provoca a sensação de "dejà vu". Mas, pelo visto, o público aprecia.
 
 

Mauricio Stycer

É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.

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