Chico Barney: Cézar, o campeão coadjuvante

Chico Barney

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Especial para o UOL

O entretenimento brasileiro começa a dar demonstrações de que está finalmente chegando na puberdade. Depois de uma longa jornada enxergando o mundo de maneira binária, onde existia apenas o certo e o errado, finalmente o público começa a se dar conta de que as coisas não são tão simples assim.

Nesse sentido, é seguro afirmar que o "BBB15" foi tão importante para a nossa televisão quanto "Sopranos", "The Wire" ou "Breaking Bad".
 
Foi quando percebemos que os protagonistas nem sempre saem vencedores. E que isso não diminui em nada a glória da boa diversão.
 
O principal tema dessa edição do programa foi o intrincado triângulo amoroso formado pela megalomania de Fernando, a desibinição de Aline e a solidão de Amanda. Caso o público tivesse disposto a escrever um roteiro simplista, o vencedor sairia dali.
 
Foram deles as matérias mais comentadas. Foi com essa história que a Globo preencheu horas e mais horas de cotidiano de cativeiro no horário nobre. Mas quem venceu não tinha nada a ver com isso. Cézar passou longe de qualquer protagonismo.
 
Isso porque a moral do trio era dúbia, cinza e real demais para merecer o prêmio. É uma grandiosa demonstração de maturidade do público: castigar os protagonistas, para que eles tenham certeza de que não são dignos.
 
Foi o que David Chase, criador de "Sopranos", fez brilhantemente em seu encerramento. O mesmo racional seguiu Vince Gilligan ao provar para Walt White e Jesse Pinkman que não havia pote de ouro no final de "Breaking Bad".
 
Gosto de pensar que o telespectador brasileiro está aprendendo a escrever dramas tão sofisticados quanto a TV a cabo norte-americana. 
 
Fernando é um dos "Homens Difíceis" da celebrada nova era de ouro da televisão. Talvez mereça nossa compaixão, pois Aline, Amanda e ele refletem nossos mais juvenis vacilos – mas jamais R$ 1,5 milhão.
 
Foi uma satisfação inenarrável acompanhar essa temporada com vocês (menos com o cara usando avatar de She-Ra aqui nos comentários). Voltamos a nos falar em breve. Se ficar com saudades, liga no meu Twitter. Abraços.
 

Chico Barney

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002.

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