"BBB15" ensina mais do que livros ou debates sérios na TV
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Reprodução/TV Globo
"Restrição hídrica: pelo bem da harmonia da casa?"
Você sabia que 110 litros de água é todo o volume que um cidadão comum precisa gastar no espaço de tempo de um dia?
Este retumbante naco de informação não foi assimilado pela nação brasileira em um bom livro ou num sofisticadíssimo debate do "Manhattan Connection". Foi no episódio de quarta-feira do "BBB15".
Aos que detratam a inevitável atração anual da telinha da Globo, é um duro golpe saber que é possível se divertir ao mesmo tempo em que absorve cultura razoavelmente útil.
A mãe do Luan, por exemplo, aprendeu que o filho já matou uma pessoa durante uma ação militar. Em livro nenhum, pelo menos entre os já publicados, ela teria acesso a esse tipo de informação. Nem nós, que sequer conheceríamos o rapaz.
Existem também algumas tramas que desafiariam o mais criativo dos ficcionistas.
Quem poderia imaginar que existem pessoas assim? É como adentrar no universo de Borges ou Cortázar. Mas com ilustrações do Manara, pelo menos quase sempre.
E eu, particularmente, não sabia que o corpo humano comportava implantes de silicone de 400 ml – mais uma coisa que aprendi com Julia.
Faço questão de encerrar citando o poeta & jurado de reality show Carlinhos Brown em sua seminal obra "Magamalabares": "os livros não são sinceros" – como qualquer bom participante do "BBB". Por mim, tudo bem.
Chico Barney
Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002.