Max Porto: Ameaça de desistência de Mariza expõe fraqueza sob pressão
"Pede pra sair! Pede pra sair", gritava Capitão Nascimento durante o árduo processo de recrutamento dos "caveiras" em "Tropa de Elite", seguidos de sonoros tapas na cara. Muitos devem ter se perguntado o porquê de tudo isso, e a resposta se torna óbvia quando se entende que o processo seletivo tem que ser extremamente rigoroso, pois estar numa realidade tão arriscada é somente para os mais fortes. Bravos guerreiros são forjados na base da pressão!
Ainda falando de cinema, lembro-me claramente de dois filmes que foram fundamentais no meu preparo psicológico dentro do processo rigoroso de seleção do "BBB": "300" e "Um Sonho de Liberdade".
Na antiguidade, os espartanos adotaram um processo de seleção chamado agogê. Somente as crianças mais fortes e saudáveis poderiam crescer dentro do regime espartano, os meninos não primogênitos eram obrigado a entrar em treinamento militar com 6 anos de idade para se tornarem os melhores soldados da história. Em "Um Sonho", um homem foi preso injustamente e durante décadas teve a persistência e paciência suficientes para sobreviver dentro do confinamento da prisão e bolar um plano de fuga perfeito na busca da realização do seu sonho de liberdade.
Quem se dispõe a entrar no "Big Brother Brasil" e não tem a consciência de que está indo para a guerra ou que o confinamento é uma experiência dolorosa e rigorosa já perdeu! Nos meus 11 dias de total reclusão dentro daquele quarto de hotel, onde só havia uma cama, eu determinei na minha cabeça que aquele seria o meu agogê e que, assim como o Sr. Dufresne, personagem principal de "Um Sonho de Liberdade", eu trabalharia a minha mente para ter o autocontrole além dos meus limites. Essa me parecia a única solução. Portanto, como aceitar alguém que passa por todo esse processo seletivo intenso e, quando já está dentro da casa, vivendo o sonho, pensa em desistir? Eu não aceito.
Na última festa, Garagem, Mariza, claramente desgastada pela rotina massacrante e numa terrível crise de abstinência de nicotina, disse que iria desistir do "BBB15". Pediu arrego, jogou a toalha, amarelou, se acovardou e deixou que suas fraquezas a dominassem numa nítida situação de derrota para si mesma.
Antes de entrar na casa mágica, a produção nos explica como funciona a desistência. São muito didáticos com relação a isso e, ao assistir Mariza pedindo para sair na despensa da casa, me pareceu um belo golpe de vitimização, numa tentativa de sensibilizar o público. Não pode ter sido sério, já que todos ali dentro sabem que esse pedido tem que ser feito dentro do confessionário.
Desertores em qualquer batalha ou disputa levam consigo a vergonha e a desonra. Qualquer combatente busca acima de tudo o triunfo e o sacrifício é o preço a ser pago para se obter a vitória. Quem imagina a possibilidade de desistir já prova não merecer a glória. Mariza perdeu pontos preciosos comigo por demonstrar tamanha vulnerabilidade.
Torcia por ela pelo fato de ser o coringa do jogo, tenho fascínio por aqueles que levam desvantagem pois esses têm chances superiores de se reinventar e escrever belas histórias de superação. Mariza começou o "BBB" assim, com total descrença e provou seu valor já na primeira prova de resistência desta edição.
O rigor na seleção do "BBB" tem com base garantir que todos os eleitos tenham condições psicológicas suficientes para encarar todos os duros desafios dessa missão. Toda uma logística e planejamento são feitos em cima dessa garantia e, quando algum dos participantes desiste, quebra tudo isso. Essa garantia é consolidada após muitos tapas na cara, assim como os do Capitão Nascimento – só que verbalmente, a cadeira elétrica é a essência disso, passar por ela prova que você tem planas condições de pisar naquela casa. Só os fortes sobrevivem.
Assisti a uma entrevista do Bial assim que Rogério, bailarino de Recife, desistiu ainda no hotel este ano. O apresentador explicou o sentimento de toda a equipe: "Nos sentimos traídos". Entendo perfeitamente. O candidato faz de tudo para te convencer que merece estar no "BBB" e se compromete ir além dos seus limites, daí, por conta da falta de cigarros ou saudade da família, o cara desmorona e quer voltar para sua zona de conforto. De fato, decepcionante.
Como sempre digo, toda escolha traz consequências. Tenha consciência disso, abrace o desafio e vá adiante, doa a quem doer. Medo, insegurança, saudade, fome, fraqueza todos nós sentimos, mas o soldado, o guerreiro não pode se dar a esse luxo! Erga-se e siga adiante! Motive-se ciente de que todo sacrifício é recompensado. E, com propriedade, afirmo: não há nada melhor do que sentir na alma o orgulho de chegar lá!
Torço por todos lá dentro, pois o que mais me fascina é ver os novatos indo além. Espero que todos encontrem dentro de si a força que precisam para dar o melhor. Com isso, todos ganham, principalmente quem assiste!
O "BBB" é um sucesso há 13 anos porque nele pessoas comuns conseguem se projetar, se inspirar. Sabendo que alguém como você pode viver aquele sonho e através dele provar ao mundo as suas capacidades, portanto novatos, não nos decepcionem e nos orgulhem mostrando o que vocês tem de melhor!!!
Até o próximo, turma!
Max Porto
Campeão do BBB 9, artista plástico, roqueiro, pai da Luna. Atualmente sou gerente de comunicação estratégica da maior rede de casas noturnas do Brasil.