"BBB" não deve sair do ar "porque há pessoas escrotas no mundo", diz Jean

Do UOL, em São Paulo

Declarações polêmicas ditas dentro do "BBB" e repercutidas fora da casa do reality não são motivo para tirá-lo do ar na opinião do campeão do "BBB5" e deputado federal, Jean Wyllys.

Na primeira edição do "Havana Connection", na TV UOL, Leonardo Sakamoto questionou Wyllys e os demais participantes se houve apologia ao crime no programa da Globo devido às declarações de Douglas sobre ter agredido uma ex-namorada. O deputado defendeu que a responsabilidade sobre o que é dito dentro do reality é de cada participante e considerou justificável que a TV Globo não tenha exibido a cena na edição.

"Não acho que o problema seja do programa. Acho até bom que o programa dê visibilidade a isso. A gente tem que compreender a gramática de cada meio de comunicação a um conteúdo que não pode ir para a TV aberta, porque a emissora tem uma responsabilidade. O programa é exibido no horário nobre para todas as famílias", declarou.
 
Para o parlamentar, a internet é o meio apropriado para esse tipo de polêmica. "É um conteúdo próprio para as redes sociais e para a TV fechada, para os sites, que alimentam a discussão na internet. Ou seja, por mais que não tenha exibido na TV aberta, o debate foi gerado nas redes sociais. Acho isso importante. Cada participante que seja responsável pelo o que diz, pelo que se expõe. Mas não acho que a emissora tenha que tirar o programa do ar porque há pessoas escrotas no mundo", completou.
 
Guilhermo Boulos, professor e coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), avaliou como apologia ao crime a declaração de Douglas e que manifestações como essa deveriam ser punidas até mesmo com prisão. 
 
"Eu acho que passou a linha vermelha. Isso é apologia ao crime, quando o cara faz isso, diz que bateu, que tem que bater, faz um incentivo disso em TV. Se o estado brasileiro fosse um estado de direito, não um estado de direita, esse cara sairia algemado da televisão. Tem que ter limite e isso tem que ser coibido",  afirmou.
 
"Eu acho que tem que ter limite, eu acho que o cara poderia sair dali preso, acho que o Ministério Público poderia ter ido lá, ele poderia ter sido retirado. Não acho que o programa tenha que sair do ar nem tenha que jogar na conta da emissora a responsabilidade pelas pessoas. As pessoas são ruins. As pessoas são escrotas. E elas aparecem ali. Agora, claro que elas sejam responsabilizadas individualmente e de que a emissora seja responsável na medida em que alguém disse isso, o cara tem que ser expulso do programa. Ministério Público tem que se posicionar. O Ministério Público foi lá? Cadê as instituições do estado democrático de direito, que não se posicionam?", questionou Jean.
 
Por conta de outra declaração, a de que Luan teria matado uma pessoa em uma operação no Complexo do Alemão, a polícia do Rio de Janeiro chegou a informar que iria até a casa do "BBB15" para ouvir o brother. Alguns dias depois, a Divisão de Homicídios divulgou que pediu à TV Globo as gravações do relato e que ele será ouvido depois que for eliminado do programa.
 
Com mediação de Leonardo Sakamoto, o "Havana Connection" conta com a participação de Jean Wyllys, de Guilherme Boulos e da escritora Laura Capriglione.
 
"Tenho o maior orgulho"
Antes da gravação do "Havana Connection", Jean conversou com a reportagem do UOL sobre sua participação no "BBB5" e rechaçou a fama de que não gosta do assunto ou tem vergonha do passado no programa.  
 
"Há esse mito de que eu não gosto [de falar sobre "BBB"]. Tenho o maior orgulho de ter participado, fui muito feliz. Mas a vida segue para frente", afirmou.
 
Depois de vencer o programa de 2005, Jean chegou a assistir às edições seguintes, até a décima. Com a vida de parlamentar, a partir de 2011, deixou de ser um telespectador do reality. "Gosto do programa, mas hoje não tenho mais tempo de acompanhar", resumiu.
 
 

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