Especiais sobre o 11/9 vão do informativo ao óbvio e ao piegas
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Reuters
Os dez anos dos atentados de 11/9 são tema de séries especiais em cinco redes de TV
As cinco principais redes de TV brasileiras estrearam, na noite de segunda-feira, séries sobre os dez anos dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. Globo, Record, SBT, Band e RedeTV prometem noticiário especial pelos próximos dias.
O “Jornal Nacional” saiu na frente, com uma ótima reportagem do correspondente Rodrigo Bocardi sobre as mudanças nos conceitos de segurança nos EUA. O repórter falou da perda de privacidade, decorrente da legislação de emergência, dos abusos cometidos em Guantánamo e da censura aos repórteres que procuraram documentar os excessos americanos.
O “RedeTV News” também optou por um olhar mais reflexivo do que retrospectivo ao abordar as sequelas físicas causadas pelo 11/9. O correspondente Fabio Borges entrevistou um policial que trabalhou no socorro às vítimas e um médico que trata dos socorristas, mostrando a incidência de certas doenças em pessoas que experimentaram de perto os efeitos do atentado.
O “Jornal da Record” foi, de longe, o que tratou do assunto de forma mais apelativa. Ao apresentar a série, Ana Paula Padrão foi dramática ao falar que todos se lembram “das milhares de pessoas penduradas nas janelas, lutando para viver ou desistindo da vida”. A reportagem prometia contar “a história dos brasileiros que estavam lá”, mas mostrou apenas um que escapou do atentado porque chegou mais tarde do que de costume ao trabalho e um outro que viu a queda das torres da janela do seu escritório.
O “Jornal da Band” também prometeu mostrar algo difícil: “A mudança na vida de Nova York depois do 11/9”. O que se viu foram os depoimentos de dois brasileiros e informações sobre o High Line Park, área de lazer inaugurada em 2009 na cidade, criado sobre uma linha de trem desativada, sem nenhuma relação com os atentados. Também fomos informados que a cidade aprovou uma lei antifumo mais rigorosa e que Times Square ganhou uma área para pedestres.
O “Jornal do SBT”, por fim, enviou Carlos Nascimento a Brasília para uma entrevista com o encarregado de negócios da embaixada americana, Todd Chapman. O “Jornal da Cultura” e o “Jornal da Gazeta” não exibiram especiais nesta segunda-feira.
A maratona prossegue ao longo da semana.
Mauricio Stycer
É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor. Conheça seu Blog no UOL