Estreia de "Criminal Minds- Suspect Behavior" nos EUA tem boa recepção do público, mas crítica faz ressalvas
Seguindo a fórmula que deu à rede CBS o domínio do gênero policial na TV norte americana , "Criminal Minds- Suspect Behavior" estreou na última quarta-feira (16) nos EUA com uma recepção morna da crítica, mas bastante positiva do público. Com perto de 13 milhões de espectadores, a estreia foi o terceiro programa mais visto da noite (atrás de "American Idol" e "Modern Family") e o líder no horário das 22h.
Já os críticos receberam o spin-off (uma série que deriva de outra) da vitoriosa "Criminal Minds" (série de ficção número um em audiência nos EUA, nesta temporada) com extrema reserva. Na pior condenação da série, a Salon chamou "Suspect Behavior" de “lixo vil, criado para incitar o medo” e “a pior nova série do ano”. Menos violentos, outros críticos enfatizaram o aspecto formulaico do novo show --“parece obrigatório na CBS que todo programa de procedimento criminal tenha um grupo diverso de personagens liderado por um indivíduo carismático e bem vestido”--, disse o "New York Times".
Também não foi bem recebido o fato de que, como a "série mãe" e seus companheiros na programação da CBS –"The Mentalist", o ressuscitado "Hawaii 5-0" e as as franquias "CSI" e "NSCI- Suspect Behavior" se apoia em situações repelentes de assassinato, tortura e abuso, especialmente de mulheres e crianças. “Não se enganem, (Suspect Behavior) está basicamente incutando medo nas plateias”, escreveu Ken Tucker, da "Entertainment Weekly".
O episódio de estreia certamente se encaixa em todas essas observações. Forest Whitaker –Oscar de melhor ator por "O Último Rei da Escócia"– é o “carismático e bem vestido” líder do novo grupo de analistas de comportamento, uma “célula vermelha” do FBI com poderes para tomar iniciativas além da burocracia, respondendo apenas ao seu diretor regional (o ótimo Richard Schiff de "The West Wing"). O grupo inclui Janeane Garofalo (que começou a carreira como comediante sarcástica e foi vista pela última vez, sem fazer graça, em "24 Horas"), Michael Kelly e o britânico Mick Rawson; em comum com a "série mãe" eles têm a pesquisadora Penelope Garcia (Kirsten Vangsness).
E, como são uma “célula vermelha” sua sede não é um escritório sem graça, mas um estiloso loft com uma academia no térreo para que Sam Cooper (Whitaker) possa exercitar sua paixão por artes marciais para manter “corpo, alma e espírito em equilíbrio”. Sim, Whitaker parece estar fazendo um riff de seu personagem em "Ghost Dog: The Way of the Samurai".
No primeiro episódio, meninas de oito anos são raptadas por um unsub (sigla em inglês para pessoa desconhecida de uma investigação) nos subúrbios de Cleveland, e cabe a Cooper e seu time explorar sua mente até consegui localizá-lo. Ninguém --a não ser Garcia-- faz piada ou brinca: este é um time ainda mais sério que o de "Criminal Minds", com grande possibilidade para complicações futuras (o inglês foi recrutado do serviço secreto de sua majestade; o personagem de Michael Kelly cumpriu pena por assassinato de um unsub). E uma boa parte do episódio é focalizada no absoluto terror das crianças raptadas.
Interessante ver como o público vai responder à evolução de um conceito tão semelhante ao do original.
Mauricio Stycer
É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor. Conheça seu Blog no UOL