Em debate sobre falta de privacidade, 'Na Moral' descobre que Globo é maior cliente dos paparazzi

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer

Crítico do UOL
  • AgNews

    Pedro Bial comandou um debate sobre invasão de privacidade no segundo episódio de "Na Moral"

    Pedro Bial comandou um debate sobre invasão de privacidade no segundo episódio de "Na Moral"

Concentrado num único tema, diferentemente do que ocorreu na desastrada estreia, "Na Moral" discutiu no segundo episódio exclusivamente a respeito da falta de privacidade no mundo moderno.

O ponto alto do programa de 35 minutos foi o debate entre o ator Pedro Cardoso, o Agostinho de "A Grande Família", da Globo, e o fotógrafo Felipe Panfili, dono da AgNews, uma agência de fotografia especializada no registro de celebridades.

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Pedro Cardoso manifestou desprezo pelo fotógrafo ("faz um trabalho medíocre") e disse que o verdadeiro culpado pela invasão de privacidade é "o capitalista" que contrata os paparazzi. Panfili teve, então, a oportunidade de dizer que o maior cliente deste tipo de trabalho são publicações das Organizações Globo.

Não satisfeito com o papel de apresentador, Pedro Bial colocou-se, também, no lugar de vítima dos paparazzi. Para mostrar que já sofreu invasão de privacidade, exibiu num telão uma foto "roubada", que o expôs em situação cômica dentro da própria casa.

Como ocorreu na estreia, Bial manifestou abertamente sua posição no debate, em oposição a um dos entrevistados, no caso, Panfili, e terminou por ser deselegante com ele. "Você invade, sim, a privacidade", pontuou.

Feita a revelação de Panfili sobre seus clientes na Globo, Bial encerrou o debate entre o ator e o fotógrafo e convocou duas diretoras de escola, que utilizam câmeras para fiscalizar os alunos, mas apresentam visões diferentes sobre como fazer isso.

Antes, haviam passado pelo palco um rapaz que descreve em um blog todos os passos de seu filho pequeno e uma especialista em pedofilia, que alertou para os riscos da exposição da imagem da criança.

"Na Moral" mostrou, ainda, imagens feitas dentro do elevador do edifício Copan, em São Paulo, e das câmeras de segurança que monitoram o Rio de Janeiro.

Houve quem sentisse falta de alguma menção ao "Big Brother Brasil", que Bial apresenta desde 2002. Como o programa tratou de "invasão de privacidade" e não sobre quem consente mostrar a própria intimidade, creio que não cabia mesmo discutir o reality show. 

O problema de "Na Moral" é seu ritmo. Tudo é mostrado intencionalmente de forma muito rápida, no esforço de deixar o espectador em estado de alerta. Esta agilidade faz sentido para um programa que começa quase meia-noite, mas torna impossível o desenvolvimento de qualquer discussão real. Parece consulta com médico de convênio.

O programa registrou audiência média de 13 pontos, um a mais do que na estreia.

Mauricio Stycer

É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor. Conheça seu Blog no UOL

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