Ator de "Verdades Secretas" diz que se inspirou em RuPaul para compor Visky
Gisele Alquas
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação/TV Globo
Em "Verdades Secretas", Rainer Cadete interpreta o booker Visky
Na pele do booker Visky, braço direito de Fanny (Marieta Severo) em "Verdades Secretas", Rainer Cadete encara o desafio de interpretar um homossexual com visual extravagante e trejeitos exagerados. Nos primeiros capítulos, o personagem se mostrou prepotente e arrogante, mas ao mesmo tempo divertido e atencioso com as modelos da agência.
O ator fez laboratório intensivo para dar veracidade a Visky, que incluiu aulas stilleto [dança com salto alto], de passarela, de corpo e de voz com um coach na Espanha, assistiu a shows de drags queens, além de emagrecer dez quilos. "Me inspirei em mulheres, em pessoas que eu conheço e vejo todo os dias. De cada uma a gente sempre tira algo. Para fazer o Visky assisti a todo seriado do RuPaul", explica.
Além de recorrer à dieta, Rainer teve de pintar as unhas, usar brincos e aprender a andar de salto alto, mesmo sofrendo com a dor lombar, além de fazer as sobrancelhas e se depilar.
Tanta dedicação chamou a atenção do público. Rainer conta que no dia seguinte à estreia da novela as pessoas já o chamavam pelo nome do personagem. "A repercussão foi tão grande que me assustou, mas de forma positiva. No dia seguinte já me chamavam de Visky na rua, já tem vários memes na internet. Isso é ótimo. É o retorno de um trabalho para o qual tenho me dedicado há meses. Não posso estar mais feliz", comemora.
Apesar do lado cômico do personagem e ele se mostrar solidário a Angel (Camila Queiroz), o booker tem ares de vilão. O ator defende o Visky ao dizer que ele é "leve e um sobrevivente" dos preconceitos: "E, assim como todos os outros personagens da trama e como na vida, tem sua parte boa e sua parte má", diz Rainer, que prefere manter surpresa sobre futuro do booker.
Na primeira semana da trama, o colunista do UOL Flavio Ricco disse que na Globo, há quem garanta que o Visky foi criado também com o objetivo de "aposentar" de vez o Crô (Crodoaldo Valério), interpretado por Marcelo Serrado na televisão, em "Fina Estampa", e no cinema, no filme homônimo. "Tudo para ver quem leva o "título" do gay mais marcante das novelas", citou Ricco.
Rainer não teme comparações com Serrado e acredita que cada um tem seu estilo. "Marcelo Serrado foi muito bem como Crô. Semelhanças entre eles acho que é o humor que ambos trazem às tramas, a 'paixão' por uma mulher. No caso do Visky ele venera a Fanny. E diferenças são muitas. A começar pelo mundo em que circulam", lembra.
"Book rosa"
"Verdades Secretas" mostra o lado sombrio do mundo da moda. Na trama, a agência de Fanny gerencia modelos para a prostituição de luxo, trabalho chamado de "book rosa". Em entrevista ao colunista do UOL Ricardo Fetrin, o empresário Marcus Panthera, dono da agência Mega Models criticou Walcyr Carrasco por contar uma história, que, segundo ele, "ofende a todos os profissionais sérios do mundo da moda"
Rainer ressalta que não conhece nenhuma história semelhante a de Angel - estudante que sonha em ser modelo famosa e se prostitui para ganhar dinheiro - , mas conversou com pessoas envolvidas com drogas e prostituições para entender as razões pelas quais se submeteram a entrar nesse mundo.
"Eu fiz psicologia, estudo que trabalha a escuta. Acho importante levantar esse assunto porque é preciso alertar as pessoas sobre a necessidade de se procurar gente séria para entregar a mala de sonhos de um filho", afirmou. "Eu faço uma novela e minha preocupação é contar a história. Não devemos esquecer que é ficção. Há coisas parecidas com a realidade e há coisas criadas", pondera.
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