Abraçados, Beth Goulart e Paulo Goulart Filho agradecem carinho do público
Beatriz Amendola
Do UOL, em São Paulo
Abraçados, os atores Beth Goulart e Paulo Goulart Filho emocionaram-se ao conversar com a imprensa durante o velório do pai, o ator Paulo Goulart, no Theatro Municipal de São Paulo. Emocionados, eles agradeceram o carinho e o amor do público pelo pai.
"É um momento de dor, de separação, mas agora ele é a essência da luz. Todos os abraços e condolências, nós recebemos de coração aberto. É lindo isso que vocês estão fazendo", disse Beth, chorando, durante entrevista para os repórteres.
A atriz foi complementada pelo irmão. "É muito bonito receber esse carinho de vocês pelo nosso pai. É uma separação momentânea. Sabemos que não é preciso estar perto para estar junto", contou ele, também emocionado.
Muito emocionada, Nicette Bruno, viúva de Goulart, foi a primeira a chegar ao velório, e está usando óculos escuros. Por volta das 11h, Beth saiu na sacada do Theatro Municipal e fez um coração com a mão. A atriz acenou para o público e agradeceu. Muitos gritaram "força" e pediram para ela mandar beijos para a mãe, Nicette Bruno.
Logo depois, a viúva apareceu na sacada com os três filhos – Bárbara Bruno, Paulo Goulart Filho e Beth Goulart – e outros familiares. De óculos escuros, Nicette acenou para o público, que começou a gritar: "vocês são uma família maravilhosa, você é linda! Segura na mão de Deus". O ator Paulo Goulart Filho mandou beijo para o público e apontou para o céu, fazendo referência ao pai. O público aplaudiu a família, que agradeceu.
O corpo do ator deve sair do Theatro Municipal entre 13h e 13h30 e seguirá para o Cemitério da Consolação, onde o sepultamento está marcado para as 14h.
Velório foi aberto ao público na manhã desta sexta (14)
Por volta das 7h30 desta sexta, cerca de setenta pessoas aguardavam em frente ao Theatro Municipal de São Paulo para se despedir do ator Paulo Goulart. O velório de Goulart, que morreu nesta quinta (13) em decorrência de complicações de um câncer, começou na noite de ontem, apenas para amigos e familiares, foi aberto ao público às 8h40 desta sexta. O sepultamento será no Cemitério da Consolação, às 14 horas.
Segundo a CGcom (Central Globo de Comunicação), desde que o portão foi aberto para o público, aproximadamente 1500 pessoas já passaram pelo local.
O músico Humberto Tim, de 62 anos, contou que conheceu Goulart no Festival da Comunicação, em 1972. "O Paulo e a mulher dele estavam lá. Eu participei apresentando duas músicas com meu irmão e conversei um pouco com eles. Isso ficou guardado. Para mim, eles são o casal exemplar da televisão, do cinema e do teatro", afirmou.
A aposentada Noélia de Abreu, de 66 anos, mora em Lauzane, na zona norte de São Paulo, e fez questão de se despedir do ator. "Vim só para o velório. Gostava de ver o Paulo Goulart atuando. Eles são uma família exemplo, que transmite muita alegria e cativa a gente. Por isso quis vir dar apoio e solidariedade", contou.
O funcionário público José Lopes Sobrinho, de 63 anos, contou que foi aluno de Paulo Goulart no Teatro Paiol. "E meu maior prêmio foi uma ponta em que contracenei com a Nicette Bruno, na novela 'Salário Mínimo'. A vi lá dentro e dei meus sentimentos. Fiz outras pontas em novelas como 'Direito de Nascer', tudo graças ao Paulo Goulart. Essa família é um patrimônio do Brasil", elogiou.
Bem abatido, o senador Eduardo Suplicy deu um abraço em Nicette Bruno e contou que não tinha como não ir ao velório. "Como senador por São Paulo, acho muito bonito ver que ele está sendo homenageado por pessoas de todas as partes de São Paulo e do Brasil. Que bom que nós temos artistas tão grandes como o Goulart. Lembrarei dele como uma pessoa muito boa, sempre tive uma imagem positiva dele. Desde os meus tempos de estudante, gostava muito deles no teatro. Lembro dele e da Nicette fazendo algo que inspirou a mim e a todos os brasileiros", afirmou.
O cantor Agnaldo Timóteo foi tietado e cumprimentou o público antes de falar com a imprensa no velório de Goulart. "Nós éramos amicíssimos. Sou grato a Deus por tê-lo levado, porque enfrentar um câncer por sete anos não é fácil. Guardo do Paulo a boa conduta. Ele e a Nicette são um casal irretocável, exemplo para todas as famílias", afirmou.
A atriz Neusa Maria Faro afirmou que levará a melhor lembrança possível de Goulart. "Trabalhei com ele várias vezes e vou levar uma lembrança maravilhosa do ator e do amigo. A Nicette tem uma força muito grande, encara a morte de uma maneira muito bonita e sabe que vai encontrar com ele quando chegar a hora".
Ator morreu cercado pela família
Segundo Pierina Moraes, sócia da produtora da família, o ator morreu por volta das 13h30, na unidade semi-intensiva do Hospital São José - Beneficência Portuguesa, cercado pela mulher e os filhos, os também atores Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, e netos.
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O ator estava internado desde o dia 8 de janeiro no hospital. "No dia 26 de fevereiro, eles completaram 60 anos de casados. Foi todo mundo para o hospital e comemoramos a data", lembrou Pierina, acrescentando que a família está muito triste com a perda. "É uma família amorosa, carinhosa e unida. Estão todos muito tristes", lamentou.
Em 2012, Paulo Goulart passou algumas semanas internado no setor de oncologia do Beneficência Portuguesa, para tratar um câncer do mediastino (cavidade no centro do tórax, localizada entre os pulmões). Há sete anos, ele já havia passado por uma cirurgia para a retirada de um tumor no rim.
A morte de Goulart repercutiu imediatamente entre os amigos e colegas de profissão. "Eu vi seus filhos nascerem, crescerem, vi esse casal, Nicette e Paulo, se formar. Vai ser bastante dificil para ela [Nicette], mas ela é uma mulher corajosa e que continuará sua luta. Não bastasse isso, além de amigos, nós somos vizinhos. Mais uma razão para toda hora que eu sair, der uma olhada, vou me lembrar dele. É muita coisa para recordar", lamentou Ary Fontoura em entrevista à Globo News.
As homenagens também foram feitas pelas redes sociais, com manifestações de nomes como José de Abreu, Ângela Leal e Gloria Pires, entre outros.
Trajetória
Paulo Afonso Miessa nasceu no dia 9 de janeiro de 1933, em Ribeirão Preto (SP), e adotou o nome de Paulo Goulart quando iniciou a carreira artística em 1951, como ator de radionovelas da Rádio Tupi. O Goulart veio de um tio, o radialista Airton Goulart. Ainda naquele ano fez seu primeiro trabalho na TV, com o comediante Mazaroppi.
Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno, em 1952, quando ela procurava um galã para atuar ao seu lado na peça "Senhorita, Minha Mãe". Pouco depois, os dois começaram a namorar e permaneceram casados por toda a vida de Paulo. Juntos, tiveram três filhos, sete netos e dois bisnetos. Os três filhos do casal, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, são atores, assim como as netas Vanessa Goulart e Clarissa Mayoral.
A primeira telenovela de Goulart foi "Helena", de 1952, que foi exibida na TV Paulista e tinha texto do autor Manoel Carlos - o mesmo da atual novela das nove, "Em Família".
Na Globo, fez papeis marcantes como o do industrial Claude Antoine Geraldi, de "Uma Rosa com Amor" (1972), o vilão Donato, de "Mulheres de Areia" (1993), e o padrasto da personagem de Deborah Secco em "América" (2005).
Nos anos 90, Goulart também atuou em novelas do SBT ("As Pupilas do Senhor Reitor") e da TV Bandeirantes ("A Idade da Loba" e "O Campeão").
Voltou à Globo aproveitando o bom momento das minisséries e atuou em "O Auto da Compadecida", "O Quinto dos Infernos", "JK", "Amazônia", entre outras. Seus último trabalhos na emissora foram a novela "Morde e Assopra" (2001) e o seriado cômico "Louco por Elas" (2012).
Goulart teve ainda longa carreira no cinema, onde atua desde a década de 1950. Seus últimos trabalhos em longa-metragem foram "Chico Xavier" (2010) e "Nosso Lar" (2010) - ambos de temática espírita, doutrina adotada por ele e Nicette - e no drama de época "O Tempo e o Vento" (2012), recentemente exibido como série de TV na Globo.