Paulo Goulart e Nicette Bruno mantinham um estilo de vida comum no bairro de Higienópolis (região central de São Paulo) onde viviam. Havia mais de 40 anos que faziam suas compras em um pequeno mercado de portugueses localizado na rua Dona Antônia de Queiroz.

O proprietário do local, José Rodrigues Ascenção, conta que eles faziam as compras da casa ali toda a semana e, quando não podiam, mandavam seus empregados.

"Eu conheci o pai dele e sua senhora que não era a mãe dele. Ele e dona Nicette vinham aqui e compravam de tudo, de carnes a vinhos".

Os vinhos, especialmente portugueses, são uma especialidade do mercado; segundo o seu proprietário, que atendia o casal desde os anos 70, o vinho preferido de Paulo era o moscatel.

"Um dia ele veio aqui e não tinha esse vinho, então eu encomendei alguns e mandei entregar na casa dele. Eu perdi um grande amigo e o Brasil perdeu um grande artista. Fico muito feliz porque um dia dona Nicette estava na televisão e lhe perguntaram onde ela fazia compras e ela disse que era no Mercadinho Expresso e deu o nome da rua".

Dona Encarnação, mulher de José, ambos originais da ilha da Madeira, diz que a história mais bonita que ela se lembra foi de quando Paulo Goulart interpretou um comerciante português e disse a seu José que havia se inspirado nele.

A comerciante também contou que já fazia algum tempo que Nicette não comparecia ao local. "Creio que por causa da doença. É muito triste".

Paulo Goulart morreu no início da tarde desta quinta-feira, 13, em São Paulo, O ator, de 81 anos, lutava contra um câncer no rim. Ele estava internado desde o dia 8 de janeiro no hospital. No dia 26 de fevereiro, Paulo Goulart e Nicette Bruno completaram 60 anos de casados.

O corpo do ator será velado nesta quinta (13) no Theatro Municipal, em São Paulo, a partir das 23h30. Ainda não foi divulgado se o velório será aberto ou não ao público. O sepultamento será nesta sexta, no Cemitério da Consolação.