Paulo Goulart morre aos 81 anos em decorrência de um câncer
Do UOL, em São Paulo
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Filipe Redondo/Folhapress
1981 - Paulo Goulart e Glória Menezes em cena da novela "Jogo da Vida"
Morreu nesta quinta-feira (13), em São Paulo, o ator Paulo Goulart, um dos maiores nomes da teledramaturgia no Brasil e marido da atriz Nicette Bruno. Goulart estava com 81 anos e vinha lutando contra o câncer. Segundo Pierina Moraes, sócia da produtora da família, o ator morreu por volta das 13h30, na unidade semi-intensiva do Hospital São José - Beneficência Portuguesa, cercado pela mulher e os filhos, os também atores Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, e netos.
O ator estava internado desde o dia 8 de janeiro no hospital. "No dia 26 de fevereiro, eles completaram 60 anos de casados. Foi todo mundo para o hospital e comemoramos a data", lembrou Pierina, acrescentando que a família está muito triste com a perda. "É uma família amorosa, carinhosa e unida. Estão todos muito tristes", lamentou.
O corpo do ator será velado nesta quinta (13) no Theatro Municipal, em São Paulo, a partir das 23h30. Ainda não foi divulgado se o velório será aberto ou não ao público. O sepultamento será nesta sexta, no Cemitério da Consolação.
Em 2012, Paulo Goulart passou algumas semanas internado no setor de oncologia do Beneficência Portuguesa, para tratar um câncer do mediastino (cavidade no centro do tórax, localizada entre os pulmões). Há sete anos, ele já havia passado por uma cirurgia para a retirada de um tumor no rim.
De acordo com seu médico, o oncologista Fernando Maluf, Paulo Goulart teve um câncer renal há seis anos, que retornou há dois de forma muito avançada. "Ele respondeu a alguns dos tratamentos mais modernos, mas de uns meses para cá eles começaram a não surtir mais efeito. Ele faleceu em decorrência da doença mesmo, não de outros problemas. A morte já era uma certeza", afirmou ao UOL.
A morte de Goulart repercutiu imediatamente entre os amigos e colegas de profissão. "Eu vi seus filhos nascerem, crescerem, vi esse casal, Nicette e Paulo, se formar. Vai ser bastante dificil para ela [Nicette], mas ela é uma mulher corajosa e que continuará sua luta. Não bastasse isso, além de amigos, nós somos vizinhos. Mais uma razão para toda hora que eu sair, der uma olhada, vou me lembrar dele. É muita coisa para recordar", lamentou Ary Fontoura em entrevista à Globo News.
As homenagens também foram feitas pelas redes sociais, com manifestações de nomes como José de Abreu, Ângela Leal e Gloria Pires, entre outros.
Trajetória
Paulo Afonso Miessa nasceu no dia 9 de janeiro de 1933, em Ribeirão Preto (SP), e adotou o nome de Paulo Goulart quando iniciou a carreira artística em 1951, como ator de radionovelas da Rádio Tupi. O Goulart veio de um tio, o radialista Airton Goulart. Ainda naquele ano fez seu primeiro trabalho na TV, com o comediante Mazaroppi.
Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno, em 1952, quando ela procurava um galã para atuar ao seu lado na peça "Senhorita, Minha Mãe". Pouco depois, os dois começaram a namorar e permaneceram casados por toda a vida de Paulo. Juntos, tiveram três filhos, sete netos e dois bisnetos. Os três filhos do casal, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, são atores, assim como as netas Vanessa Goulart e Clarissa Mayoral.
A primeira telenovela de Goulart foi "Helena", de 1952, que foi exibida na TV Paulista e tinha texto do autor Manoel Carlos - o mesmo da atual novela das nove, "Em Família".
Na Globo, fez papeis marcantes como o do industrial Claude Antoine Geraldi, de "Uma Rosa com Amor" (1972), o vilão Donato, de "Mulheres de Areia" (1993), e o padrasto da personagem de Deborah Secco em "América" (2005).
Nos anos 90, Goulart também atuou em novelas do SBT ("As Pupilas do Senhor Reitor") e da TV Bandeirantes ("A Idade da Loba" e "O Campeão").
Voltou à Globo aproveitando o bom momento das minisséries e atuou em "O Auto da Compadecida", "O Quinto dos Infernos", "JK", "Amazônia", entre outras. Seus último trabalhos na emissora foram a novela "Morde e Assopra" (2001) e o seriado cômico "Louco por Elas" (2012).
Goulart teve ainda longa carreira no cinema, onde atua desde a década de 1950. Seus últimos trabalhos em longa-metragem foram "Chico Xavier" (2010) e "Nosso Lar" (2010) - ambos de temática espírita, doutrina adotada por ele e Nicette - e no drama de época "O Tempo e o Vento" (2012), recentemente exibido como série de TV na Globo.