Léo Áquilla já fez dez cirurgias para se "transformar em menina"
Do UOL, em São Paulo
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Arquivo pessoal
Léo Áquilla aos 18 anos, quando teve que fugir de do Capão Redondo (SP) após ter sido apedrejado (2/6/12)
A participante de "A Fazenda 5" Léo Áquilla, 42, já fez dez cirurgias plásticas para se "transformar em menina". A última, um transplante capilar, foi feita no começo deste ano, revelou a drag queen em entrevista ao programa "TV Fama" da "RedeTV!".
Léo fez o transplante capilar "para diminuir a testa e ficar mais menina". "As duas cicatrizes que ficaram na calvície me incomodam muito quando eu uso moicanos e cabelo preso, e diminuindo a testa eu fico mais menina", completou. Como ela já havia puxado o couro cabeludo para frente, "ele não tinha mais elasticidade, por isso precisava fazer o transplante", explicou.
Há cerca de um ano e meio, Áquilla fez uma cirurgia de feminilização, em que remodelou a face, transformando características masculinas como testa e queixos proeminentes em traços femininos.
Mas nem todas as cirurgias a deixaram satisfeita. A drag queen tem dúvidas sobre os implantes de seios que fez. O assédio dos homens a deixaria constrangida. "Eu disse [em outra entrevista] que queria tirar as próteses porque o assédio dos homens me incomoda", disse.
Infância traumática, apedrejamento e fuga
Na tarde desta quinta-feira (31), durante o reality show "A Fazenda 5", a drag queen admitiu que teve uma infância traumática devido aos maus tratos que sofria por conta da sexualidade. Formada em jornalismo e pós-graduada em jornalismo político pela PUC-SP, Léo Áquilla, ou Jadson Mendes de Lima (nome de batismo), disse que que recorria aos braços da mãe para chorar. "Sempre fui muito efeminado desde que me entendo por gente. Eu sofri. Isso que chamam de bullying, eu apanhei muito na escola", disse.
Chorando, a drag ainda falou de outros momentos difíceis, como quando contou para a mãe que "gostava de menino" e quando teve que fugir do bairro em que morava, o Capão Redondo (SP), após ter sido apedrejada.
"A situação chegou ao cúmulo para mim. Numa determinada noite, não satisfeitos com as agressões verbais, [uma turminha que sempre me agredia] decidiu que ia tacar pedras, uma brincadeira que machucou minha alma, machucou meu corpo", lembrou a dançarina.
Logo após esse acontecimento, ainda machucada, Léo decidiu revelar a orientação sexual para a mãe e ir embora do bairro. "Eu não podia ficar lá. Eu já tive um irmaõ assassinado com nove tiros na porta de casa e agora esse apedrejamento", explicou aos peões de "A Fazenda 5".
Léo ainda relembrou que, antes de ir, mandou um recado para a turma que a havia apedrejado. "Eu passei pelo local do acontecido e eles estavam lá. Eu disse para eles assim: 'hoje eu estou indo embora apedrejada, mas não esqueçam este nome, Léo Áquilla, porque vocês vão ouvir falar dele'", disse. Após o depoimento, os peões aplaudiram e abraçaram ela.
O Brasil é um dos países com maior número de assassinatos a homossexuais no mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2011 foram assassinados 266 gays, travestis e lésbicas no país.Por isto, grupos e ONGs LGBT criticam o fato de a violência contra homossexuais não ser qualificada como crime, sendo enquadrado como lesão corporal ou tentativa de homicídio no código penal brasileiro. Apesar da orientação sexual, Léo tem um filho biológico de 15 anos e outro adotado, de 14.