O jornalista Christovam de Chevalier, filho da jornalista, atriz e escritora Scarlet Monn, que morreu nesta quarta-feira (5), após uma parada cardiorrespiratória, ressaltou o humor e a coragem da mãe como lembranças marcantes. Scarlet tinha 62 anos e há dez anos sofria da Síndrome de Shy-Drager, uma doença degenerativa do sistema nervoso.

"Ela era uma mulher solar, que gostava de ir à praia, a espetáculos, gostava de se divertir. O amor dela pela vida fez com que ela derrubasse várias previsões médicas. Ela lutou bravamente. Não lamentava, não se fazia de coitadinha, olhava para o futuro. Ela e o Nelson Motta foram precursores do talk-show. Ela tinha um bordão que era 'foi um prazer inenarrável te entrevistar'. Então eu digo que foi um prazer inenarrável ter a mãe que eu tive".

Acostumado a ouvir da mãe que "onde há verdade, não há sofrimento", Christovam disse discordar disso atualmente e relatou um fato da sua vida para explicar.

"Minha mãe criou três filhos de pais diferentes e sempre jogou limpo com a gente, deu uma noção de realidade. Sou o filho do meio e sou jornalista. Uma irmã trabalha com cinema e a outra com produção. São três vertentes de trabalho que ela colocou em prática na vida dela".

O músico do Barão Vermelho, Roberto Frejat relembrou dos tempos em a banda participava do programa de Scarlet e enalteceu a inteligência da colega.

"Há dois anos fiquei muito emocionado, ela já estava doente e foi à missa de sétimo dia do Ezequiel Neves, que era muito ligado a mim e era um grande amigo dela. Me emocionou muito ela ter saído de casa para fazer isso, mesmo não estando bem. Desde então eu tentava visitá-la, mas ela estava nesse vaivém de casa-hospital, hospital-casa. Nunca conseguia 'casar' minha agenda de trabalho com um momento que eu pudesse vê-la. E agora ela veio a falecer. Mas eu acho que vindo de uma doença desgastante como essa, é um descanso, porque é uma doença muito cruel para a pessoa", afirmou Frejat.

Morte

Lulu Santos usou sua conta no Twitter para homenagear a ex-mulher, publicando parte da letra da música "Tão Bem": "Ela me encontrou, eu estava por aí num estado emocional tão ruim, me sentindo muito mal, sozinho, perdido, andando de bar em bar... procurando não achar, ela demonstrou tanto prazer de estar em minha companhia, que eu experimentei uma sensação que até então não conhecia", escreveu.

Moon foi casada por 28 anos com o cantor Lulu Santos, de quem se separou em 2006. Ela deixou três filhos, Gabriela, Christovam e Theodora, de relacionamentos anteriores, e dois netos.

Há dez anos com Shy-Drager, Moon piorou nos últimos três e nos dois últimos meses ia praticamente todos os dias ao hospital, mas nas duas últimas semanas ela estava descansando em casa.

Scarlet Moon trabalhou em diversos canais de TV, e participou do "Fantástico" e do "Jornal Hoje" nos anos 1970. A autora dos livros "Dr. Roni e Mr. Quito" (biografia do irmão Ronald de Chevalier, o Roniquito, figura conhecida no Rio nos anos 60 e 70 do século passado) e de "Areias Escaldantes", assinava, desde 1996, a coluna "Abalo", do caderno Zona Sul do jornal "O Globo".

A Síndrome de Shy-Drager é um distúrbio degenerativo caracterizado por danos progressivos ao sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que controla as funções involuntárias), tremores musculares, rigidez, movimentos lentos e outras perdas neurológicas generalizadas.

Repercussão

Pelo Twitter, a cantora Rita Lee se despediu dizendo que "moça bonita não deveria morrer". O humorista Hélio de la Peña lembrou que Moon era muito divertida, mas confirmou que a jornalista estava sofrendo com a doença. Artistas como Aracy Balabanian, Marília Pêra, Milton Gonçalves, Nelson Motta, Ney Latorraca estiveram no velório da jornalista no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

O corpo de Moon será cremado na quinta-feira, às 10h, no cemitério do Caju, no Rio. Às 9h30 haverá uma cerimônia para os amigos se despedirem.