Amigos há algum tempo, o ator Ney Latorraca esteve no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, para se despedir da jornalista Scarlet Moon de Chevalier, que morreu na madrugada desta quarta-feira (5), após sofrer uma parada cardiorrespiratória. Moon tinha 62 anos e sofria da Síndrome de Shy-Drager, um distúrbio degenerativo.

"A Scarlet era minha amiga mesmo, foi a primeira pessoa que me recebeu no Rio de Janeiro, em 1974. Sabe a pessoa que te apresenta à cidade? No trabalho ela sempre deu muita força para mim. A gente se encontrava, se falava sempre. Uma das imagens da Scarlet que eu tenho é quando eu fui ver um prêmio de música no Teatro Municipal, de repente ela apareceu lá na frente e só dava ela, com a elegância e inteligência dela. Vai fazer muita falta. Eu acho que a cidade do Rio de Janeiro fica mais triste hoje. O Brasil fica mais triste hoje", afirmou o ator.

Recentemente, Ney Latorraca passou por uma cirurgia para retirada da vesícula e ficou internado, por conta de algumas complicações. Em recuperação, o ator contou que se exercitado com frequência.

"Eu vim de uma barra pesada, né? Começou em outubro quando fui fazer  uma operação na vesícula, aí deu uma complicada. Mas tenho andado na Lagoa [Rodrigo de Freitas] todos os dias. Anoto até na agenda. O impressionante é a reação das pessoas. Outro dia o motorista do Miguel Falabella, que eu não conheço, disse que fez promessa e foi a Aparecida [do Norte] agradecer. Os colegas, a imprensa... Não esperava isso. Uma boa prova de amor. O amor também serve como remédio". 

Marília Pêra também esteve no velório da jornalista e lembrou dos bons momentos ao lado da comadre. Madrinha de Theodora, filha caçula de Scarlet, recentemente a atriz e amiga fizeram uma cerimônia simbólica para oficializar o batizado. Scarlet era ateia. 

"Nesses últimos anos, a Scarlet estava muito doente. Fomos vendo ela perder a vitalidade. Ela tinha uma inteligência aguçada, ágil, culta. Foi a primeira pessoa a fazer entrevistas com celebridades no Brasil. Depois ela e o Nelsinho [Nelson Motta] fizeram um programa de entrevistas. Houve um tempo em que ela esteve presa no centro do Rio e eu ia visitá-la com minha filha Esperança. Acho que a única vez que ela fez teatro foi comigo em 'Adorável Júlia'. Vivemos muitas situações juntas", recordou Marília.

O produtor musical Nelson Motta chegou ao local abalado e logo entrou na capela onde Scarlet está sendo velada. Ao sair, ele estava chorando muito e não quis falar com a imprensa.

Morte

Lulu Santos usou sua conta no Twitter para homenagear a ex-mulher, publicando parte da letra da música "Tão Bem": "Ela me encontrou, eu estava por aí num estado emocional tão ruim, me sentindo muito mal, sozinho, perdido, andando de bar em bar... procurando não achar, ela demonstrou tanto prazer de estar em minha companhia, que eu experimentei uma sensação que até então não conhecia", escreveu.

Moon foi casada por 28 anos com o cantor Lulu Santos, de quem se separou em 2006. Ela deixou três filhos, Gabriela, Christovam e Theodora, de relacionamentos anteriores, e dois netos.

Scarlet Moon trabalhou em diversos canais de TV, e participou do "Fantástico" e do "Jornal Hoje" nos anos 1970. A autora dos livros "Dr. Roni e Mr. Quito" (biografia do irmão Ronald de Chevalier, o Roniquito, figura conhecida no Rio nos anos 60 e 70 do século passado) e de "Areias Escaldantes", assinava, desde 1996, a coluna "Abalo", do caderno Zona Sul do jornal "O Globo".

A Síndrome de Shy-Drager é um distúrbio degenerativo caracterizado por danos progressivos ao sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que controla as funções involuntárias), tremores musculares, rigidez, movimentos lentos e outras perdas neurológicas generalizadas.

Repercussão

Pelo Twitter, a cantora Rita Lee se despediu dizendo que "moça bonita não deveria morrer". O humorista Hélio de la Peña lembrou que Moon era muito divertida, mas confirmou que a jornalista estava sofrendo com a doença.