No "Bem Estar", Fernando Rocha se vê como representante dos "sem ritmo"

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

Há quatro anos à frente do "Bem Estar" ao lado de Mariana Ferrão, o jornalista Fernando Rocha conquistou o carinho do público com seu jeito descontraído: no matinal, ele exibe bom humor e não se furta a dançar e fazer exercícios. Com 21 anos de carreira na Globo - e passagens pelo "Fantástico" e pelo "Jornal Hoje" - Rocha hoje se vê como representante de uma parcela importante do público que acompanha o matinal: a parte mais "gente como a gente", que não tem um corpo escultural nem tem um ritmo perfeito para praticar dança e outros tipos de exercícios.

Ao gravar o piloto do programa, porém, Rocha achou que iria "sobrar igual jiló na janta" ao fazer os passos de dança. "Então pensei: 'eu tenho que dançar do jeito que eu sei, ou que acho que sei'. Eu tive essa coragem e hoje eu percebo que sou o legítimo representante dessas pessoas que gostam de dançar, mas não tem absolutamente nenhum ritmo e nenhuma coordenação. E isso não é um problema. Se você quer dançar, você vai ter uma fluidez necessária e as pessoas vão achar graça. Faz parte do jogo, faz parte do que a gente quer passar".

O jornalista, que já ouviu muitos comentários sobre seu peso nos quatro anos de programa, disse estar feliz por poder mostrar também que não é necessário ter um corpo seco e sarado para estar saudável. "Não dá para ser o Paulo Zulu e a Gisele Bündchen. A vida real é dessa forma e estou muito feliz de ser esse representante e explicar 'olha, dá pra ser feliz dessa forma'. É uma mudança desse paradigma de 'ah, esse cara tem que ser perfeito'. Esse papel é da Mari. O meu é dessa imperfeição, que pode ser muito saudável também".

Hoje eu percebo que sou o legítimo representante dessas pessoas que gostam de dançar, mas não tem absolutamente nenhum ritmo e nenhuma coordenação. E isso não é um problema Fernando Rocha, apresentador do "Bem Estar"

Com uma rotina mais regrada do que na época em que trabalhava em outros programas da casa – e que requer que ele acorde às 5h30 da manhã  – Rocha viu efeitos positivos ao mudar seus hábitos. "Tomei gosto por isso. meu organismo funciona melhor pela manhã, tenho muita disposição, e a partir disso outras coisas vão sendo acrescentadas naturalmente. É esse gatilho que as pessoas do público acabam percebendo. O cuidado geral começa com coisas muito simples e acaba fazendo parte da sua vida pra sempre, porque você percebe esse resultado".

Sentindo-se mais à vontade na atração, Rocha vê muita diferença entre o seu desempenho agora e no início dela. "Eu estou mais solto, os médicos vão ficando mais soltos, você vai ficando com mais tarimba pra fazer o programa de estúdio, diário, Vai acertando melhor as câmeras. É claro que hoje estou muito mais amadurecido do que antes. Isso dá pra ver nas reprises que passam no Viva à tarde. Eu vejo e falo 'nossa gente, eu melhorei mesmo'. Acho que ainda pode melhorar, mas melhorou mesmo. Nada como o tempo, os novembros e as primaveras".  Também ajudou o fato de dividir o comando do programa com Mariana, de quem é amigo de longa data: "É muito mais tranquilo fazer o programa sabendo que tem ali alguém pra te ajudar, alguém em quem eu confio, como eu confio nela."

O "Bem Estar" completou quatro anos no último dia 21. E na opinião de Rocha, o sucesso do programa se deve não só ao fato de ele se propor a levar informações úteis ao público, como também por permitir uma interação intensa com os espectadores, que enviam relatos e perguntas em tempo real. "Quando a gente fala de coisas que parecem desconfortáveis, como 'olhe para o cocô, porque isso indica a saúde', e a pessoa descobre que antecipou um câncer de intestino, é uma resposta imediata. A gente recebe esse feedback o todo tempo. O fato de a gente tratar da saúde das pessoas com uma interface muito próxima e numa interface diária é uma das razões para o programa ter essa vida que se apresenta como longa. A gente quer continuar muito tempo."

Para o jornalista, os recursos lúdicos e cenográficos usados pelo programa também colaboram na conexão com o público na hora de abordar assuntos difíceis – como foi o caso de um barco colocado no cenário no início do ano para falar sobre o tratamento contra o câncer e a importância de médico, paciente e familiares estarem remando para o mesmo lado. "Estávamos falando de câncer, que é um assunto difícil, mas estamos falando da luta, da vitória, não da derrota, embora seja uma doença difícil até de falar o nome".

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