Garotas de programa se identificam com Danny Bond de "Felizes Para Sempre?"

Vanessa Corrêa

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/Gshow

    Na série, Paolla de Oliveira vive Danny Bond, garota de programa de luxo

    Na série, Paolla de Oliveira vive Danny Bond, garota de programa de luxo

As cenas quentes protagonizadas por Paolla Oliveira na minissérie "Felizes Para Sempre?" reacenderam a curiosidade do público pelo universo da prostituição de luxo, e muita gente questiona se o que está sendo visto na televisão acontece mesmo na vida real.

Garotas de programa entrevistadas pelo UOL dizem que presentes caros, fantasias e envolvimento com os clientes são corriqueiros na profissão, mas que na TV tudo parece mais glamoroso. Em uma coisa, porém, a série acerta em cheio: o número de casais que procura experiências com prostitutas aumentou –e algumas meninas acreditam que o sucesso da trama contribuirá ainda mais para que o interesse seja cada vez maior. 

"Esse é um aspecto bem realista da série, é muito comum os casais procurarem uma terceira pessoa para agregar algo à relação", diz Poliana Monerat, 27, que trabalha como garota de programa há cerca de dois anos. "Estou assistindo à série esporadicamente, porque nessa profissão é difícil ter uma rotina. Tudo na televisão tem uma pitada de brilho, na vida real não é bem assim, mas muito do que aparece lá faz parte do que a gente vive", explica ela, que costuma cobrar R$ 500 por um programa de duas horas.

Reprodução
As diversas versões de Danny Bond (Paolla Oliveira)

Assim como Danny Bond (Paolla Oliveira), que não abre mão de suas perucas, Poliana abusa de acessórios para soltar a imaginação dos clientes.  "O que diferencia a gente das donas de casa é que nós somos extremamente fetichistas, temos todo tipo de lingerie que você imaginar, fantasia, acessórios... Homem é muito visual, eles costumam gostar muito disso. Cada um pede uma coisa e você tem que ter no guarda-roupa."

"Eu acho que essa história de peruca ficou no passado, hoje em dia a gente não usa esses disfarces. Em quatro anos nenhum cliente me pediu para usar peruca, eles gostam de cabelo natural", discorda Carol Chiatonne, 36, que faz programas há quatro anos.

Carol não perde um capítulo da série e, apesar de recusar as perucas, se identifica com Danny Bond em vários momentos. "Eu trabalho com essa parte mais glamorosa, então não acho que o que está sendo mostrado na série está fora da realidade, as cenas estão dentro do meu padrão de atendimento. Tem um pouquinho de fantasia, mas muitas das situações que ela vive eu já vivi."

Com um faturamento mensal que varia entre R$ 10 mil e R$ 30 mil, Carol se define como acompanhante e diz que seu serviço não tem o sexo como principal foco. Assim como Poliana, ela nota um aumento na procura de casais, que costumam ser mais "fiéis" às garotas contratadas. "Quando eles se identificam com uma acompanhante, eles mantêm a escolha. A mulher tem mais dificuldade para ter afinidade, então quando ela se sente à vontade com uma pessoa não quer mais trocar", conta ela.

"Eu diria que dois em cada dez clientes são casais. Eles têm aparecido mais, talvez com a série o número até aumente. Tem casal que eu atendo uma vez por semana, outros uma vez por mês. Eles gostam de experimentar coisas diferentes", conta Sheila, 29, que faz programas há quatro anos.

Na trama de "Felizes Para Sempre?", Danny Bond acaba envolvida com Cláudio (Enrique Diaz) e Marília (Maria Fernanda Cândido), algo que, segundo as garotas entrevistadas, é muito comum nesse universo. Sheila já teve um relacionamento com um cliente e conhece meninas que chegaram a se casar com homens que conheceram na profissão, mas hoje namora um rapaz que conheceu em um bar. "A primeira coisa que fiz quando nos conhecemos foi contar sobre meu trabalho. Ele não aceita com facilidade, mas sabe que é por uma boa causa", diz ela, que obtém com os programas uma renda mínima de R$ 10 mil por mês e acaba de abrir um salão de beleza.

Para Poliana, a profissão facilita essa aproximação e se apaixonar muitas vezes é inevitável. "A gente sabe que é uma canoa furada, que não vai levar a lugar nenhum, mas acontece, nós somos humanos. A gente tenta se resguardar, controlar o tempo do programa para não ultrapassar as duas horas, evitar uma conversa muito longa...", explica. "Às vezes a pessoa é muito interessante, a gente descobre afinidades, e é assim que as pessoas se apaixonam, não é?" 

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