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A eliminação de Ariadna, com grande rejeição, acendeu o sinal amarelo no BBB e levou Pedro Bial a cobrar mais "entrega" dos demais candidatos e criticar os que se escondem "embaixo do tapete"
Com a eliminação de Ariadna decidida desde os primeiros momentos da votação, ainda no domingo, a edição desta terça-feira do BBB11 expôs abertamente o desapontamento da direção com os 17 candidatos escolhidos a dedo e os rumos do programa até o momento.
Num sinal evidente que era carta fora do baralho, Ariadna foi homenageada, muito antes de a votação terminar, com um clipe de quase quatro minutos – uma regalia não oferecida aos outros dois rivais de paredão, Lucival e Janaína.
O longo VT para Ariadna substituiu o tradicional discurso poético de Pedro Bial. Na hora solene da eliminação, o apresentador foi escalado para outra, e mais necessária, função: tentar dar “uma sacudida forte” em seus “heróis”.
Bial disse várias palavras duras. Afirmou que eles precisam ser “honestos” e parar de se esconder “debaixo do tapete”. Pediu “descontrole” e “entrega” aos candidatos. Cobrou “reinvenção” deles. Implorou que “mostrem a sua fragilidade”. Reclamou que eles “ficam falando de papai e mamãe” e de outros BBBs. E cobrou: “Cadê minha moleca? Cadê meu garoto?”
Em outras palavras, o discurso de Bial deixou clara a preocupação com a chatice do programa. Chatice agravada, é claro, pela eliminação de Ariadna.
“Um dos sonhos mais loucos, mais ousados que o BBB já abrigou”, segundo Bial, Ariadna dançou, na minha opinião, por três motivos: o conservadorismo do público, a hesitação da própria candidata em revelar sua situação e a expectativa de quem a selecionou que ela protagonizasse um momento romântico ou sensual com algum homem na casa.
Era fácil imaginar que, uma vez indicada para o paredão, Ariadna dificilmente escaparia da eliminação. O público deste programa, e de outros do gênero, costuma ter um perfil mais conservador, pouco favorável a uma pessoa com o jeito da candidata – transexual e garota de programa, além de pouco carismática, como demonstrou ser.
Eliminada com 49% dos votos, Ariadna teria enfrentado uma rejeição do público possivelmente ainda maior se tivesse revelado abertamente ao grupo a sua condição. Desconfio, porém, que essa revelação teria sido a senha para prolongar a sua estadia no confinamento. Creio que os demais candidatos ficariam constrangidos de indicar ou votar em Ariadna se ela tivesse exposto mais claramente a sua situação de vida.
Cristiano deixou isso claro na madrugada de terça-feira, ao dizer para Ariadna que a escolheu para o paredão porque a sua outra opção seria Daniel, gay assumido. Como Lucival, o outro gay da casa, já havia sido indicado, Cristiano temeu que o voto em Daniel caracterizasse ”preconceito”. Imagine se ele soubesse da situação de Ariadna.
Suspeito, porém, que a candidata, antes do início do programa, tenha sido incentivada a não falar, ao menos nos primeiros momentos do BBB11, de sua condição de transexual. Questionado no Twitter se proibiu Ariadna de revelar seu segredo, o diretor Boninho disse, no último dia 9: “olha só, ela vai, ou disse pra gente, que não vai falar. Vai ser engraçado alguém pegar a moça que não é... rsrsrs”