Visitamos a cidade cenográfica de "I Love Paraisópolis"; conheça segredos
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
Embora Paraisópolis seja quase uma cidade no coração do Morumbi, em São Paulo, só existe um jeito de visitar a casa de Mari (Bruna Marquezine) ou a oficina de Grego (Caio Castro), personagens de "I Love Paraisópolis": pegando uma carona num dos carrinhos elétricos do Projac, no Rio, até a área de dez mil metros quadrados onde foi construída a cidade cenográfica da novela. O UOL visitou as instalações da comunidade fictícia, que foi erguida sobre o que era um grande estacionamento e hoje abriga 18 núcleos da história, entre casas, bares, escola, academia de balé e outros estabelecimentos: o trabalho, que levou três meses para ser concluído, por cerca de 120 profissionais, impressiona.
Diferentemente de outras cidades de outros folhetins, a favela, criação da equipe de cenografia formada por Mario Monteiro, Maurício Rohlfs e Marcelo Carneiro, não se resume a fachadas: as residências são decoradas com móveis de verdade, a confeitaria de Paulucha (Fabíula Nascimento) é ocupada por uma bancada de doces cenográficos e o escritório de Benjamin tem vista para o campinho de futebol da região.
"É um projeto que me orgulho muito de ter feito, e Globo, minha parceira de loucuras, aceitou. Além de desafogar o estúdio, dá uma sensação de realismo maravilhosa. É uma operação muito grande, mas no ar fica superlegal", conta o diretor de núcleo Wolf Maya.
A riqueza é tanta que mais da metade das cenas da novela é gravada na cidade cenográfica - em outras produções a média costuma ficar em apenas 30%. "A gente não sai daqui, eu nem tenho cenas em estúdio. E é gozado que, quando chega alguém de outros núcleos aqui, a pessoa até pede licença. Eles sabem que estão entrando na nossa cidade", diz Caio Castro, que acompanhou o "nascimento" da comunidade. "Fizeram um milagre, isso não era nada, aqui atrás tinha um morro. Até que ficou bom, né?", brinca.
Cada detalhe da produção de arte - e não são poucos - é responsabilidade de Moa Batsow. No salão Lene's Hair, fazer pé e mão custa R$ 15, mesmo valor do corte de cabelo. Já na agência de turismo Voe Paraíso, é possível comprar pacotes para vários destinos em dez parcelas no cartão de crédito. Quer vender ouro, contratar alguém para fazer seu imposto de renda ou fazer uma consulta de tarô, búzios ou runas? É só ficar ligado nas publicidades espalhadas pelos postes da cidade cenográfica, já que a maioria dos muros são enfeitados por belos grafites, que vão desde desenhos a frases como "Prefiro amar quem me odeia a odiar quem me ama".
Mirante de mentirinha
A cidade cenográfica tem direito até a um mirante, uma construção feita de objetos variados como louças, controles remotos e vidros de perfumes, um trabalho inspirado em um artista de Paraisópolis: Estevão Silva da Conceição, conhecido como o Gaudí brasileiro. Feita com materiais leves, o mirante só permite a subida de três pessoas por vez.
A oficina de Grego, onde o líder da comunidade comanda seu negócio de desmanche de carros, é outra atração à parte: para o cenário foram usados mil pneus, 200 lanternas, 100 alto-falantes e 50 barris enferrujados. Mas o cuidado também está nos pormenores, como as placas de automóveis que decoram os degraus da escada para o escritório do personagem e as famosas revistas femininas decorando as paredes.
"É tudo muito criativo e econômico. Com isso, a história fica mais viva. Um personagem que está num cenário pode interagir com outro que está passando lá fora. Além disso, reinventamos espaços usando lentes, ângulos e luzes diferentes. Nos planos mais abertos, a cidade nos dá uma profundidade, uma perspectiva real, sem precisar de chroma key", conta o diretor geral Carlos Araújo, referindo-se ao recurso que projeta um cenário digitalmente nas cenas.
Uma eventual chuva também não é um problema para a equipe - se for necessário, o imprevisto é incorporado à cena, e até agora não houve nenhum temporal que precisasse interromper uma gravação. De qualquer forma, os objetos do camelódromo, que fica montado 24 horas por dia, são cobertos diariamente pela produção.
"Tudo aqui é reproduzido com muita fidelidade. Para nós, atores, é muito interessante porque não precisamos usar tanto o imaginário. A vida vai acontecendo, você não entra por uma porta, corta, vai para o estúdio. Existe um fluxo de raciocínio. É pau a pau com a vida real, a gente acredita no que está fazendo ", afirma a atriz Carol Abras, que interpreta Ximena na trama.
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