I Love Paraisópolis

Globo movimenta Paraisópolis com cerca de 50 figurantes; conheça comunidade

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

"Ei, é da novela? Filma o pretinho aqui?" "Oi, eu sou a Bruna Marquezine, me filma." Essas são algumas das frases ditas pelos moradores de Paraisópolis, uma das maiores comunidades de São Paulo, ao avistarem uma câmera nas ruas dessa "cidade". Isso porque o local, com cerca de 100 mil habitantes (segundo dados de lideranças locais), servirá de cenário para o novo folhetim das sete da Globo, "I Love Paraisópolis", previsto para estrear em maio. A comunidade fica bem perto da sede da emissora, no bairro do Morumbi, na zona sul da cidade.

Ricardo Matsukawa/UOL
Em sua oficina, Berbella reúne mais de mil peças entre elas, duas mesas com quatro cadeiras feitas a mão com peças automotivas

"Existe uma barreira entre condomínio e favela e queremos que vejam Paraisópolis como um bairro. O desejo é que isso se concretize em 2016 com a 'Nova Paraisópolis'. Sabemos que terá um certo glamour, mas também acredito que a novela vá ajudar a mostrar a luta da comunidade, os nossos projetos. A ideia é que essa não seja só mais uma novela", afirmou  ao UOL Gilson Rodrigues, líder comunitário e presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis.

Segundo o músico da Orquestra Filarmônica de Paraisópolis, Acacio Reis, 22, que fez uma ponta como figurante, a emissora desembolsou cachês que variam de R$ 50 a R$ 300. A Globo utilizou cerca de 50 figurantes, todos de Paraisópolis, para dar vida ao folhetim de Alcides Nogueira e Mario Teixeira. A emissora também tem aproveitado os conhecimentos de pessoas chave da comunidade para orientar, guiar e fazer com que o roteiro se aproxime cada vez mais da realidade. E uma atriz local, Gabriela Araujo, deve fazer parte do elenco fixo.

Reprodução/Facebook/FernandoBerg
"Iniciando a gravação, filmagem pra novela da Globo, Paraisópolis - São Paulo", escreveu o grafiteiro Fernando Berg, morador da comunidade

O grafiteiro Fernando Berg, 26, por exemplo, foi convidado para ir até a cidade cenográfica montada no Projac, no Rio de Janeiro, para ajudar na reprodução dos cenários, que mostrarão o comércio, as casas, o campo de futebol, o estúdio de balé e a sala da orquestra de Paraisópolis.

Durante um mês, atores como Bruna Marquezine, Tatá Werneck, Caio Castro, Henri Castelli e Maria Casadevall, além de produtores, câmeras e diretores estiveram em São Paulo, onde filmaram, fizeram entrevistas e movimentaram a rotina da comunidade e também da capital. Com uma trama em torno das mulheres, Bruna será a protagonista Mari, jovem batalhadora que sonha em comprar uma casa própria e vai para os EUA trabalhar como empregada doméstica. De lá, ela acaba deportada e retorna com o desejo de melhorar o dia a dia de seu bairro.

A visita das celebridades no local deixou os moradores ainda mais animados. Bruna e Maria, por exemplo, visitaram uma sorveteria e deixaram o regime de lado. "Ela é bacana [Bruna], veio aqui e tomou um açaí", contou a atendente Jaqueline Andrade, 17 anos.

"Espero que a visão das pessoas mude"

Histórias como da bailarina que sofreu um acidente e ficou quatro meses sem dançar e as obras dos artistas Estevão Silva da Conceição, conhecido como o Gaudí brasileiro, do mecânico Berbella, que recicla materiais e faz esculturas com peças automotivas, e de Antenor Clodoaldo Alves Feitosa, que construiu uma casa com garrafas plásticas, devem dar cor à dramaturgia. A trama também deve mostrar o cotidiano do comércio, que reúne cerca de oito mil estabelecimentos e emprega 21% dos moradores, segundo dados das lideranças locais.

Ricardo Matsukawa/UOL
Edgar Pires, 47 anos, ao lado da mulher Patricia, 33, e do filho Paulo Henrique, 15, em frente ao comércio da família, uma Casa do Norte, que possui mais um sócio

O mineiro de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG), Edgar Pires, 47, torce para ver sua Casa do Norte retratada na cidade cenográfica e espera que as vendas aumentem em mais de 20%. "Acho que a gente será bem apresentado, a ideia é boa e ajudará a quebrar essa diferença social que existe. Paraisópolis precisa ter fluxo de pessoas de diferentes classes sociais para que o bairro se organize. Espero que a visão das pessoas mude e que quem não conhece venha conhecer. Precisamos de oportunidades para divulgar nosso trabalho, não é só o lado ruim que existe", afirmou o morador.

A recepcionista e líder comunitária de Paraisópolis, Dete Guimaraes da Silva, também tem como desejo a quebra de paradigmas e melhorias para sua "cidade": "Fiquei surpresa quando soube. Essa novela vai falar por nós". 

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