"Deu frio na barriga atuar com Claudia Raia", diz o Pepito de "Alto Astral"
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
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João Miguel Júnior/TV Globo
Conrado Caputo é o perunano Pepito em "Alto Astral"
Samantha (Claudia Raia) pode até querer ser o centro das atenções de Nova Alvorada (quiçá do mundo), mas a vidente costuma dividir a atenção do público de "Alto Astral" com seu fiel escudeiro, Pepito. O enfermeiro peruano e assistente da paranormal, vivido por Conrado Caputo, rouba a cena sempre que aparece. Estreante em novelas, o paulista de 36 anos confessa, no entanto, que teve um certo receio ao saber com quem ia contracenar diariamente.
"Não vou mentir, deu um certo frio na barriga no começo. Ela tem muita experiência em comédia, trabalha com o Jorge Fernando (diretor de núcleo da novela) há muitos anos. Não sabia se ia conseguir corresponder de imediato. Mas eles me deixaram muito tranquilo, e nos entrosamos muito rápido", lembra Conrado, que hoje combina suas criações com a parceira até pelo WhatsApp.
"A gente não foge muito do texto, 95% do que está escrito vai ao ar, estudamos muito. Mas sempre tem um olhar, algo que a gente cria. Teve uma cena que era pra ser os dois fofocando e terminou com nós dois pulando no colchão, feito crianças", diverte-se.
Quem assiste à novela se diverte com as trapalhadas do enfermeiro no português ("mandar para o molho da rua") e com as referências à cultura inca. Para criar o personagem, o ator assistiu a muitos programas de televisão da terra natal de Pepito e contou com a ajuda de uma atriz peruana para estudar o texto, além de referências de amigos de lá. "Mas o Silvio de Abreu (supervisor da trama) pediu para que eu limpasse bem o sotaque. Ele dizia que eu tinha que ser compreendido, bastava encontrar uma musicalidade", explica.
Se o personagem é amado ou odiado pelos peruanos, Conrado não sabe. Mas que ele é querido pelos portugueses, isso é uma certeza. Convidado para ser Rei do Carnaval na terrinha, onde a novela é exibida pela SIC, ele explica que ainda está em negociação. "Ainda não tem nada certo, mas fiquei feliz. Não tinha noção da repercussão lá. Nem sei como é o carnaval português, mas seria uma experiência diferente, sem dúvida", diz.
Formado em arquitetura, profissão que exerceu por apenas dois anos, Conrado é ator desde a adolescência, em Ribeirão Preto, época em que se tornou amigo de Monica Iozzi, também do elenco da novela. "Passamos por tudo juntos, viajamos, trabalhamos. Fazíamos peça, cuidávamos do cenário.... Hoje a gente dá muita risada e lembra com carinho dessa fase", recorda.
E foi graças ao teatro que ele foi parar na novela. O próprio autor viu o trabalho de Conrado num espetáculo experimental e o convidou para viver o assistente. "Nem fiz teste. Ele não escreveu o papel pensando em mim, mas lembrou de mim como uma possibilidade. Nem esperava", afirma ele, que também já participou da série "Vida de Estagiário", na MTV, e curtas-metragens.
Nos próximos capítulos da trama, Pepito é quem vai chamar a atenção dos telespectadores quando Samantha der entrevista a um programa de televisão sobre uma de suas premonições. Enquanto o enfermeiro comemora os holofotes, o ator vai se acostumando aos poucos à mudança na rotina.
"As pessoas me reconhecem, mas por enquanto está tranquilo. A recepção é sempre muito carinhosa, pedem pra falar igual ao Pepito. Outro dia, no aeroporto, estava esperando um voo que atrasou bastante. Uma mulher chegou, devagarinho, e disse: 'Se a Samantha tivesse previsto, a gente não estaria passando por isso!'", conta.