Vilão em "Alto Astral", Thiago Lacerda brinca: "É bacana dar uns safanões"

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

06/11/201409h16

João Miguel Júnior/TV Globo

Thiago Lacerda é Marcos em "Alto Astral"

Com uma lista enorme de mocinhos em seu currículo, como o Matteo de "Terra Nostra" e o Toni de "Joia Rara", Thiago Lacerda diz que encarar um vilão como o Marcos de "Alto Astral" é cansativo. Não é para menos. O médico sem coração que humilha o mordomo que cuida dele desde criança, destrata pacientes humildes e deseja o mal para o próprio irmão é uma fonte inesgotável de emoções negativas.

"É bem ruim. Hoje eu maltratei meia dúzia de colegas em cena, mas depois eu faço carinho neles", diverte-se o ator. "É uma brincadeira também, é bacana dar uns safanões que você não daria na vida real. Mas ele é cruel demais, não é minha praia, eu não saberia ser assim", analisa.

Estúpido, arrogante e violento são alguns dos adjetivos que o ator usa para descrever o personagem, que, segundo ele, é capaz de eliminar quem estiver em seu caminho. Mas vilões costumam cair no gosto popular, como é o caso de Carminha, vivida por Adriana Esteves em "Avenida Brasil", e Félix, interpretado por Mateus Solano em "Amor à Vida", citando alguns exemplos recentes. Será que esse é o caso de Marcos? "Não acho difícil ele ter algum tipo de carisma. Ele tem lá uma certa elegância, etiqueta. Mas acho pouco provável que as pessoas se afeiçoem a uma figura dessa, ele é um cara estranho", diz.

A rixa com Caíque (Sergio Guizé) vem desde a infância, quando o caçula foi adotado por Maria Inês (Christiane Torloni), mas a relação só se agravou com o triângulo amoroso que se formou em torno de Laura (Nathalia Dill). O intérprete, no entanto, acredita que a briga pelo coração da jornalista não esteja propriamente ligada ao amor. "Ele vai passar a novela tentando destruir essa figura que roubou dele coisas preciosas como atenção, afeto. Mas a disputa não é propriamente amor, é alguma coisa que nem eu sei ainda, é um mistério. Sobre Caíque e Laura, ele faz uma grande encenação, para que as pessoas acreditem que ele é a vítima", afirma.

João Miguel Júnior/TV Globo

Marcos não aceita perder Laura para o irmão

Pelo fato de a trama abordar espíritos e reencarnação, é possível supor que a rivalidade venha de outras vidas. O ator não descarta essa hipótese. "Isso ainda não é uma questão pra gente, não ainda. Particularmente, por acreditar no ensinamento espírita, eu imagino que sim. Nada é por acaso", afirma.

Enquanto finge estar de coração partido com o fim do noivado, o cirurgião mantém sem grandes crises de consciência um caso com sua secretária, Sueli (Débora Nascimento), outra relação em que o sentimento não é essencial. "A relação deles é sexual, mas vira uma simbiose, ela se torna uma espécie de cúmplice. Penso que, no final da novela, talvez ela seja a pessoa capaz de fazê-lo repensar tudo, um canal de transformação, se isso for interessante para a história", aposta.

Na pele do antagonista, o ator exibe no vídeo uma silhueta mais enxuta, mas diz que o visual não tem nada a ver com o personagem. Sem saber quantos quilos perdeu, ele conta que resolveu emagrecer após terminar a temporada do espetáculo "Hamlet" e rodar o longa "O Tempo e o Vento", quando deu uma "relaxada natural". "Entrei num processo de preocupação com isso, porque queria jogar meu vôlei e sentia dor. Fui atleta, sou ator, que também é uma espécie de atleta, preciso no meu corpo, acho que estava na hora. Mas sem muita loucura, voltei a correr, pedalar", conta ele, ressaltando que ainda quer "perder mais um pouquinho".

Emendando um trabalho no outro, Lacerda diz ainda que só tem a agradecer por 2014. "Esse ano foi muito especial, chegou mais uma filhotinha (Pilar, que nasceu em maio). Acho que eu estou no crédito", conta o ator, casado com a atriz Vanessa Lóes e pai também de Gael, de 6 anos, e Cora, de 3.

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