Rodrigo Lombardi diz que não julga Alex: "Quem pode dizer o que é errado?"
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
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Paulo Belote/TV Globo
Rodrigo Lombardi é o empresário Alex em "Verdades Secretas"
Se Alex beira a psicopatia ou se é um homem apaixonado, Rodrigo Lombardi não sabe – ou procura não saber. O fato é que o protagonista de "Verdades Secretas" já pode ser considerado um dos papéis mais difíceis de sua carreira, segundo palavras do próprio ator, que se debruçou em livros de psicologia para descobrir as diversas camadas de seu personagem. Segundo ele, toda essa pesquisa lhe deu ferramentas para tentar compreender e não julgar esse homem capaz de se relacionar com mãe e filha ao mesmo tempo.
"Nada do que é humano me é estranho. Não precisa ir muito longe nem ir pro trágico para descobrir coisas desse tipo. O Woody Allen se casou com a enteada, que é muito pior. Ele não é o primeiro, não é o segundo e não vai ser o último. Não me cabe julgar, crio caminho para entender. A lei da atração, a ausência da culpa católica que a gente carrega no Brasil. Quem pode dizer o que é errado? Errado é entrar no limite do outro", analisa.
Apesar de o empresário ter ganhado o apelido de RajGrey nas redes sociais, graças a uma brincadeira do blogueiro Hugo Gloss, o protagonista de "50 Tons de Cinza" não foi a inspiração que ele buscou na ficção.
"Não vi o filme nem li o livro. Quando começaram as comparações, aí mesmo é que não quis ver. '9 Semanas e Meia de Amor', que mexeu com a cabeça das pessoas na época, foi uma das minhas referências, mas nem foi a maior. Ele foi meu Grey. Além disso, tem o 'Lolita', do Nabokov, e o filme 'Jovem e Bela', do François Ozon", diz o ator.
É na psicologia, mais uma vez, que ele busca os motivos para explicar a força que o personagem provoca no imaginário feminino, mas banca o modesto quando o assunto é o posto de galã. "Tem gosto para tudo, né? Quem ama o feio bonito lhe parece. Mas é gostoso, é divertido. Não sou eu, é o que as pessoas projetam nesse cara", diz.
"O cafajeste atrai. No inconsciente feminino, isso é o destemido, aquele tem coragem. Quando a gente trata disso é óbvio que vai exercer o fascínio. Os homens falam para mim: 'Que maneiro esse seu trabalho, hein, que vidão! Queria fazer esse negócio aí'. Já as mulheres nunca falam nada na minha frente. Geralmente pedem para tirar foto e quando estou indo embora ouço comentários. 'Ai, meu Deus!'. Nunca chegam e dizem: 'Ah, te pegaria'", conta.
Despudor com a nudez
No olhar do intérprete, Alex não é "um vilão clichê de folhetim", mas "um cara muito próximo da gente". E o fato de a história abordar temas como sexo, poder, cobiça e vaidade é que cria a identificação com o público. "Essa novela mexe com assuntos que nunca vão morrer, que sempre vão estar nos trending topics da humanidade. O ser humano nunca vai ser perfeito, e vai continuar assistindo porque está sempre em busca da perfeição", opina.
Por tratar de sexo, é claro que as cenas de nudez fazem parte do pacote. Uma questão que o ator vê com naturalidade, mas que causou frisson já no primeiro capítulo de "Verdades Secretas". "Não teve problema nenhum. Quando vim para Globo, eles me viram numa peça em que eu estava nu. Eu tenho um despudor em relação a isso, que a minha profissão exige. Mas não vou fazer de graça. Vou encher você de motivos para não fazer, mas se você rebater e vencer a discussão, aí a gente chega a um consenso. Tem um porquê de esse homem estar sem roupa nesse momento, ele está desarmado. Mas não é para chocar, não é esquisito duas pessoas transarem nuas", afirma o ator.
Se a relação simultânea com Carolina (Drica Moraes) e Angel (Carolina Queiroz) vai mesmo terminar em tragédia, como o texto de Walcyr Carrasco vem sugerindo, o ator prefere não opinar. Ir para o set sem muitas certezas é seu método de trabalho. "Sei de possibilidades. Mas procuro não esclarecer minhas dúvidas, é interessante que eu não saiba. Posso fazê-lo de vários jeitos", conta.
No ar em dose dupla, com a reprise de "Caminho das Índias" no "Vale a Pena Ver de Novo", Lombardi pode se ver em dois bons momentos da carreira, como ele classifica. Motivo de orgulho? Nem tanto. "É triste você se olhar e ver que tão pouco tempo atrás você não tinha uma barba branca (risos). Mas é bom para ver o amadurecimento. Quando fiz o Raj, já estava aqui (na Globo) há quase cinco anos, e ouvia: 'De onde você veio?'. Eu ria, foi engraçado", conta.
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