"Ele não inventa desculpa pro que faz", diz Mike de "Better Call Saul"

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

Mike foi um personagem que, dentro do universo ficcional da série "Breaking Bad", pode ser considerado pequeno. Isso, no entanto, não impediu que se tornasse um dos mais populares da série, a ponto de seu intérprete, o ator Johnathan Banks, ser novamente convidado a fazer o mesmo papel em "Better Call Saul".

A série, um prólogo de "Breaking Bad" que pode ser visto na Netflix, conta a história por trás do advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), que também aparece no premiado programa estrelado por Bryan Cranston e Aaron Paul.

O sexto episódio de "Better Call...", que foi ao ar na semana passada, contou a história por trás de Mike, que até o quarto episódio passou o tempo todo como bilheteiro de um estacionamento. "Já fiquei preso em lugares piores que em uma cabine de estacionamento", brincou ele durante uma entrevista por telefone com jornalistas latino-americanos e europeus na última quinta (13).

Entre outras coisas, apontou a principal característica de seu personagem. "Mike não está buscando redenção. As pessoas no mundo todo justificam o que fazem e tudo o que já fizeram. Quer um exemplo? Walter White [protagonista de 'Breaking Bad']. Mike não. Ele sabe que fez coisas terríveis, mas não procura empatia ou perdão."

Divulgação Mike não está buscando redenção. As pessoas no mundo todo justificam o que fazem e tudo o que já fizeram. Quer um exemplo? Walter White. Mike não. Ele sabe que fez coisas terríveis, mas não procura empatia ou perdão Johnathan Banks, comparando seu personagem com o protagonista de "Breaking Bad"
Mesmo assim, e talvez por isso mesmo, o personagem seja tão querido pelo público. Segundo ele, Mike mudou muito sua vida. "Eu mentiria pra você se eu dissesse que não é o ápice da minha carreira. E é engraçado como as pessoas quando me chamam na rua, pelo nome do personagem. Assim que eu abro a boca, você vê a expressão delas de 'esse não é o Mike'. Geralmente elas ficam desapontadas."

Porém, ao ser questionado pela reportagem do UOL o que, segundo ele, desperta empatia do público, apesar de suas falhas, o ator faz uma análise aprofundada. "Mike é atormentado. E a maioria de nós é assim. Talvez não na mesma intensidade que ele. Mas ele é muito humano, tem um código de honra, embora de um modo torto. Ele é muito acessível. Não diria compreensível, mas que desperta empatia. Todos nós vemos um pouco de nós em Mike. Ou alguns aspectos de sua personalidade que gostaríamos de ter. Mike lida com uma situação pesada, mas ele lida seguindo em frente, de cabeça erguida e seguindo seu coração. E há uma certa simplicidade nele. E dramaticamente é o tipo de coisa que podemos encontrar em nossas vidas. Mike toca as pessoas e as pessoas se importam com ele. Elas gostam dele, e eu certamente gosto muito dele."
 
Mas ele acha que a recíproca não é verdadeira. Quando dois jornalistas perguntaram o que Johnathan diria a Mike, caso o encontrasse, respondeu: "Não acho que eu atenda aos requisitos para ser amigo dele, mas se o encontrasse, diria: 'Posso te pagar um café?'"

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