Série derivada de "Breaking Bad" é 80% drama e 20% comédia, afirma ator

Ana Maria Bahiana

Especial para o UOL

Estreia nos Estados Unidos neste domingo (8) uma série que vem sendo planejada há mais de cinco anos ou um projeto completamente novo, dependendo do ponto de vista, destinado a acalmar a saudade dos muitos fãs de "Breaking Bad". Depois de ver os primeiros dois episódios, aparece uma outra definição: "Better Call Saul", que chega ao Brasil às 5h do dia 9, pela Netflix, pode muito bem ser o mito de origem do mais curioso anti-super-herói que já vimos.

Ou ainda, se perguntarmos ao ator Bob Odenkirk, que viveu o ardiloso e absolutamente inescrupuloso advogado durante cinco temporadas, "Better Call Saul" é "um presente maravilhoso, incrível". "O presente de ter novamente os textos e as ideias de Vince Gilligan [criador e showrunner da série original e de Saul], de voltar a trabalhar com essa equipe maravilhosa, onde somos todos amigos, e de voltar a Albuquerque (Novo México), que foi minha casa durante tanto tempo. Acho que nunca vou agradecer o bastante por esse presente", afirmou.

A nova atração segue a trajetória do advogado Jimmy McGill (Odenkirk), dez anos  antes dos acontecimentos de "Breaking Bad", lutando para sobreviver, sem clientes, e usando o almoxarifado de um salão de manicure como escritório. Além disso, precisa aceitar casos da, muito mal paga, defensoria pública e ainda cuida do irmão mais velho, Chuck (Michael McKean), um advogado ilustre num dos maiores escritórios da cidade, e que largou tudo por conta de uma doença grave e misteriosa.

"(Jimmy) não é uma má pessoa, nem um mau advogado. Ele tem talento, é inteligente, sabe montar um plano. É exímio com palavras, sabe convencer as pessoas. Como uma pessoa assim se tornou o Saul Goodman de 'Breaking Bad'? Vince sempre é atraído por histórias de transformação, e esta é uma delas", analisa o ator.

A ideia do projeto

A ideia do que viria a ser a série surgiu espontaneamente no primeiro dia de filmagem da primeira aparição do personagem, na segunda temporada de "BB". "Eu adorava o personagem, mas não tinha ideia de como as pessoas da equipe iam recebê-lo. Muito menos o público! Mas, logo no primeiro dia, as pessoas no set diziam: 'Esse cara merece uma série só dele!'. Vince e eu ríamos muito, mas não levamos muito a sério, no começo. Quando eu comecei a ser parado na rua, ser chamado de Saul, ter pessoas tirando selfies comigo, me perguntando sobre a decoração do 'meu' escritório é que começamos a ver que ele tinha de fato criado uma vida própria", lembra.

Ao longo do último ano de "Breaking Bad", Odenkirk, Gilligan e Peter Gould, um dos roteiristas principais da série, começaram a ter o que o ator chama de "conversas sérias" sobre um novo projeto. Havia a certeza de que ele era um grande personagem, mas as dúvidas eram muitas. Quem era essa pessoa que assumiu o nome de Saul Goodman? Como ele chegou lá? E, sobretudo, qual o tom da série?

"Nossa primeira passada sobre o projeto era bem mais para comédia. Mas não durou, não gostamos", diz Odenkirk, que é um dos produtores da atração, juntamente com Gilligan e Gould. "Há um lado sombrio no mundo de Saul, há um drama muito sério em sua vida. Não podíamos ignorar isso, por mais extravagante que o personagem possa ser", garante Bob, que define o tom final como "80% drama, 20% comédia". "Na verdade, é comédia só para quem está vendo, porque para os personagens é puro drama…", conclui.

A palavra-chave do desenvolvimento da série tornou-se transformação. "Vince tinha um desafio mais complicado. Quem Walter White (Bryan Cranston) seria no final estava em aberto. Aqui sabíamos quem Saul Goodman era e o que ele fez. O desafio era inventar todo o resto. E criar uma transformação orgânica, coerente, que chegasse naturalmente ao advogado de 'Breaking Bad'", opina.

A maior parte dos personagens de "Better Call Saul" é nova, mas pessoas e temas do seu futuro pipocam ao longo da série. "Não queríamos fazer uma série exclusivamente para os fãs de 'Breaking Bad'. Queríamos fazer uma série que sustentasse o interesse por si mesma. Mas é claro que os fãs vão notar os detalhes que conectam as duas séries. O momento em que Jimmy olha com atenção para a gravata de um colega, por exemplo…", aposta.

Além disso, há uma constante ligando as duas atrações: Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks), que aparece logo no primeiro episódio como um rigoroso atendente de estacionamento. "É muito bom tê-lo por perto. Reforça pra mim a sensação de estar de voltar para casa, a segurança de saber que eu já estive aqui, que sei fazer isso, que conheço esses personagens", explica.

E se depender da rede AMC (emissora que exibe o programa nos EUA), o ator vai continuar em casa por um bom tempo: com a mesma velocidade com que aprovou o piloto e imediatamente encomendou a série, o canal já fechou contrato para uma segunda temporada de "Better Call Saul".

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos