Max Nunes, parceiro de Jô Soares há mais de 30 anos, morre no Rio

Do UOL, no Rio

  • Ana Ottoni/Folhapress

    Humorista morreu de complicações após ter sofrido uma queda e fraturado a tíbia

    Humorista morreu de complicações após ter sofrido uma queda e fraturado a tíbia

O humorista, roteirista, diretor e escritor Max Nunes, parceiro de Jô Soares há mais de 30 anos, morreu nesta quarta-feira (11), aos 92 anos, no Rio. Ele morreu em razão de uma infecção generalizada após ter sofrido uma queda e fraturado a tíbia. Nunes estava internado no Hospital Samaritano, na zona sul da cidade. A informação foi confirmada ao UOL pela CGCom (Central Globo de Comunicação).

"É uma perda de um grande amigo e de um grande talento. O Max esteve entre os maiores humoristas, no nível do Millôr Fernandes e do Chico Anysio. Tirando isso, é difícil comentar, pois éramos muito próximos", disse Jô Soares em comunicado oficial divulgado pela emissora.

De acordo com o boletim divulgado pelo hospital, o velório será realizado nesta quinta-feira (12), a partir das 8h, na capela I do cemitério São João Batista, em Botafogo, e o sepultamento está marcado para o meio-dia.

Max Nunes trabalhou durante 38 anos como roteirista e consultor de texto da Rede Globo e participou da criação de programas como "Balança Mas Não Cai" (1968), "A Grande Família" (1972), "Satiricom" (1973) e "Planeta dos Homens" (1976). Tinha uma parceria de mais de 30 anos com o humorista Jô Soares. Alguns dos grandes sucessos de Jô têm origem em textos de Max, como os personagens Capitão Gay e a cantora lírica Nanayá Com Ypsilon. Ele deixa duas filhas, as atrizes Bia Nunnes e Maria Cristina Nunnes.

Max Newton Figueiredo Moreira Nunes nasceu no Rio, em 17 de abril de 1922. Desde muito cedo, teve contato com o meio artístico, já que seu pai, Lauro Nunes, era humorista e jornalista, escrevia esquetes para a Rádio Mayrink Veiga. Sua casa era frequentada por artistas e intelectuais. Além disso, Max era vizinho de Noel Rosa, com quem se acostumou a andar e por quem foi incentivado a cantar.

Divulgação
Capitão Gay, criado por Max Nunes para Jô Soares
Na infância, participou de programas de rádio e de concursos musicais. Nos anos 1950, ficou famoso por suas marchinhas. A música "Bandeira Branca" gravada por Dalva de Oliveira no Carnaval de 1970, é de autoria de Nunes e Laércio Alves.

Quando começou a seguir os passos do pai, Max ouviu dele: "Você tem jeito, mas olha que ninguém faz fila pra comprar soneto, muda de vida". E em 1948, ele formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se especializou em Cardiologia. Exerceu a profissão até a década de 1980, mas sem abandonar a carreira artística.

Estreou como roteirista do programa "Barbosadas", na Rádio Nacional, e do filme "E o Mundo Se Diverte" (1948), de Watson Macedo. Trabalhou na Rádio Tupi, em programas como "A Queixa do Dia", "Ninguém Rasga", "Dona Eva" e "Seu Adão e O Amigo da Onça", e integrou a equipe de produtores da Rádio Nacional, quando surgiu o humorístico "Balança Mas Não Cai", humorístico que ganhou versões para o cinema, o teatro de revista e a televisão. Escreveu 36 peças para o teatro de revista.

Convidado a voltar para a Rádio Tupi em 1952, passou a se dedicar a apenas um programa, o "Uma Pulga na Camisola". Com mais tempo para outras atividades, produziu colunas nos jornais "Tribuna da Imprensa", de 1954 a 1955, e "Diário da Noite", de 1954 a 1960.

Escreveu pela primeira vez para a TV em 1962, quando criou os programas "My Fair Show" e "Times Square" para a TV Excelsior. Chegou à Globo em 1964, como roteirista e diretor, ao lado de Haroldo Barbosa, do humorístico "Bairro Feliz", que teve no elenco nomes como Paulo Monte, Grande Otelo, Berta Loran e Mussum.  Em 1966, estreou "Riso Sinal Aberto" e "Canal 0", que se transformou no "TV0-TV1", apresentado por Paulo Silvino e Agildo Ribeiro.

Reprodução/Memória Globo
Max Nunes acompanha gravação da primeira versão de "A Grande Família"
Ainda nos anos 70, fez parte da equipe de redação do "Faça Humor, Não Faça Guerra", ao lado de Jô. Transmitido inicialmente ao vivo, o programa foi um dos primeiros a usar VT, inspirando o humor mais moderno de programas como "Satiricom" (1973), "Planeta dos Homens" (1976) e "Viva o Gordo" (1981) – todos com colaboração de Nunes.
 
"Uau, a Companhia" (1972), Agildo Ribeiro, Chico Anysio, Ziraldo e Millôr Fernandes, e a primeira versão de "A Grande Família" – inspirada na americana "All in The Family" também tiveram a mão do humorista. Na década de 80, foi um dos autores do "Viva o Gordo", primeiro programa de humor comandado exclusivamente por Jô Soares e dirigido por Cecil Thiré.
 
Ao lado do humorista e apresentador, foi para o SBT em 1988, onde lançaram os programas "Veja o Gordo" e Jô Soares Onze e Meia", e voltaram à Globo com o "Programa do Jô". Segundo a emissora, o humorista ainda acompanhava de perto as gravações do talk show.
 

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