Autora de "Joia Rara" se inspira em Tarantino para "recriar história"
Renato Damião
Do UOL, no Rio
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Divulgação/TV Globo
Duca Rachid e Thelma Guedes são as autoras de "Joia Rara"
Uma história de amor entre uma operária com o filho do dono da fábrica onde ela trabalha, soma-se a isso luta de classes, uma comunidade italiana e uma criança que é a reencarnação de um monge budista. É mais ou menos isso que a novela "Joia Rara" pretende levar ao ar a partir desta segunda-feira (16). A trama escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid aposta em uma reconstrução de época refinada com cenas no Himalaia de tirar o fôlego.
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"Quando terminamos 'Cordel Encantado' o Manoel Martins [diretor de entretenimento da Globo] perguntou qual era nosso projeto do coração e citamos 'Joia Rara'. Claro que na sinopse já tínhamos mostrado interesse em rodar no Himalaia, mas não acreditamos quando saiu do papel", contou Thelma durante conversa com o UOL no lançamento na trama. Para criar uma novela passada nas décadas de 30 e 40, mas que soasse atual, ela afirmou que tem como inspiração os filmes do cineasta Quentin Tarantino.
"Sempre me baseio no que o Tarantino faz, ele recria a história como ele quer. Em 'Cordel', o espectador mais atento, deve ter percebido que a cena do tiroteio no cinema foi inspirada em 'Bastardos Inglórios'. Acho o Tarantino genial", elogiou a autora.
Desde "Cordel", Thelma e Duca viraram sinônimos de "inovação". O rótulo, segundo ela, não a intimida. "Esse tipo de pressão não existe entre nós, a pressão maior é a de trabalhar dez horas por dia, ou mais, e fazer um produto bom, não ficamos pensando em revolucionar nada". Para Thelma, uma novela é um produto que move dinheiro e empregos. "Ocupamos um lugar importante na grade e temos muita responsabilidade com isso, além do fato de nos comunicarmos com milhões de pessoas todos os dias".
Prova dessa responsabilidade se dá na maneira como autoras e colaboradores têm discutido o tema do budismo. "Não somos budistas e estamos tendo cuidado, os diálogos dos monges são os que dão mais trabalho. Sempre pensamos: 'como um monge agiria nessa situação?'. Lemos, relemos, estudamos o assunto e sempre buscamos ajuda de pessoas especializadas", explicou.
Outro núcleo que promete chamar atenção é o do cabaré comandando por Arlindo, papel de Marcos Caruso. No local, um time de beldades como Letícia Spiller, Mariana Ximenes e Giovanna Ewbank irão aparecer em trajes insinuantes. "Pedimos a Amora [Mautner, diretora] para ter cuidado, pensamos em algo como o balé da Pina Bausch [coreógrafa alemã], algo mais artístico e não erótico. As performances estão lindas".
Vilões humanos
Em "Joia Rara", Amélia (Bianca Bin) e Franz (Bruno Gagliasso) sofrem com as armações de Ernest (José de Abreu). Inconformado com o filho se relacionar com uma operária, o vilão arma para a mocinha ser presa injustamente como comunista. Amélia fica dez anos presa e longe da filha recém-nascida, Pérola (Mel Maia). Ainda no núcleo principal, Manfred (Carmo Dalla Vechia) se junta a Silvia (Nathalia Dill) para se vingar de Ernest.
De acordo com Thelma, a opção de basear a novela na década de 30 foi a necessidade de um "conflito". "Precisávamos de uma época de conflitos, a Amélia é presa e fica dez anos longe da filha. Ela é presa em 34 quando aconteceu a caçada aos comunistas. Sem contar que estudando o budismo descobrimos que os grandes lamas nascem em épocas de guerra".
Se um lado o budismo com sua filosofia humanitária promete encantar os telespectadores, do outro os vilões prometem equilibrar a balança. Ernest, Silvia e Manfred farão de tudo por poder e vingança. "Criamos vilões humanos, pessoas com motivações reais. No caso do Ernest ele é um fascista, mas ele não é mau, as convicções dele que são equivocadas", adiantou.
Indagada sobre qual será a reação do público, Thelma afirmou que a "sorte está lançada". "O público é sempre uma caixinha de surpresas. Não existe uma fórmula para o sucesso, mas estamos sempre tentando trazer uma nova proposta para o horário", finalizou.