Em "Amor À Vida", Tamara, socialite decadente vivida por Rosamaria Murtinho, é alvo constante das críticas azedas do genro, o vilão Félix, de Mateus Solano. O administrador do hospital San Magno insiste em falar mal das plásticas da sogra, que mora com ele e Edith (Bárbara Paz) na mansão de César (Antonio Fagundes) e Pilar (Susana Vieira).

Fora da ficção, Rosamaria não abre mão de tratamentos estéticos e mantém a idade em segredo: "Bisbilhotice é falta de educação", disse. Vaidosa, lamentou em entrevista ao UOL não ter dado uma "recauchutada" para atuar na trama das nove da Globo, quando foi convidada pelo autor Walcyr Carrasco para participar da história. "Se soubesse que a Tamara levaria tantas chamadas de atenção pelo genro pelas plásticas que fez, tinha dado uma puxada no rosto. Assim faria jus à personagem", contou, aos risos, durante entrevista em sua casa em São Conrado, na zona sul do Rio.

A atriz passou a cuidar mais da pele aos 60 anos. "Antes, voltava do teatro de maquiagem, dormia e só lavava o rosto no dia seguinte". Agora, faz tudo o que o dinheiro lhe permite. "Só não coloco botox na testa porque acho que atriz precisa ter expressão. Com a testa parada, você só trabalha com a boca. Também botei entre os olhos porque todo mundo perguntava: 'Você está zangada?'. Nunca mais ninguém me perguntou (risos). Fiz plástica, faço preenchimento, trato da pele, boto cremes. Faço tudo o que me assegura de que não vou mudar", contou.

Mãe de três filhos com o também ator Mauro Mendonça, de 82 anos,– entre eles Mauro Mendonça Filho, diretor geral de "Amor À Vida" – disse que se cobra ainda mais por ser dirigida pelo filho. "Tenho que ter uma disciplina e uma preocupação maiores por ele ser meu filho. Não me aproveito disso. Acho que as pessoas até esquecem que somos mãe e filho", afirmou. Para ela, sua personagem na novela representa um tipo de mulher muito comum não só no Brasil como no mundo inteiro. "A Tamara só está interessada no dinheiro da família do Félix. E quer empurrar a filha de qualquer maneira, já que ela mesma não conseguiu. Ela não é flor que se cheire", opinou.

A exemplo de outras atrizes de sua geração, Rosamaria procura se manter ativa e lida com o envelhecimento "numa boa". "Faço o que tenho que fazer, trabalho na televisão, compro roupa, passeio e viajo. É melhor do que ter morrido. Como diz a Tônia Carrero, se você não ficar velha, você vai morrer. E prefiro ficar velha como estou. Deixo de fazer alguma coisa? Só deixo de fazer o que não quero. Não vou à balada? Não. Por que não quero dançar? Não. Porque não aguento aquela música alta", contou.

Em relação a envelhecer, teme a proximidade da morte. "Tenho muito medo de morrer. Acho uma chatice não estar aqui no ano 3000, usufruindo. Já imaginou hoje, depois da entrevista, dizer: 'Vamos jantar em Nova Iorque?'. A gente senta num lugar, aperta um botão e chega lá. E nós não vamos estar aqui!", queixou-se.

Há mais de quarenta anos na TV, a atriz confessou que a modernidade trouxe prós e contras para o veículo. Para ela, a imagem em HD, por exemplo, é uma característica que instiga ainda mais a vaidade do elenco. "Acho HD uma loucura. Entrega tudo. Outro dia vi um rapaz beijando uma moça na novela e aparecia a espinha no pescoço dele. Graças a Deus, os atores mais velhos têm um tratamento (risos). Porque senão seria muito cruel. As pessoas estão cada vez mais jovens fazendo papeis de gente velha. Acho que agora não entro nem como bisavó", brincou.

Questionada sobre como é sua relação com a internet, a atriz afirmou entrar na rede só para ver e-mail. "Acho muito chato ficar com uma amiga assim: 'Vamos ao cinema daqui a dois dias?'. Tenho que ser datilógrafa para convidar uma amiga para ir ao cinema? Prefiro pegar o telefone, ligar e ouvir a voz da pessoa", disse ela, que anda viciada em jogos de carta. "Gosto muito de ficar comigo, lendo livro. Agora descobri o buraco. Acho uma delícia. Ontem joguei. Mauro também gosta. No início não queria jogar comigo. Mas agora adora".