O jornalismo direcionado àqueles que pagam impostos ficou órfão, diz Ricardo Boechat

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução

    Joelmir Beting foi um dos principais nomes da imprensa do Brasil. Conhecido do público, o jornalista já passou pelos principais veículos de comunicações brasileiros como Folha, Estadão, Globo e Bandeirantes. Na imagem, ele posa na bancada do "Jornal da Band"

    Joelmir Beting foi um dos principais nomes da imprensa do Brasil. Conhecido do público, o jornalista já passou pelos principais veículos de comunicações brasileiros como Folha, Estadão, Globo e Bandeirantes. Na imagem, ele posa na bancada do "Jornal da Band"

Ricardo Boechat, colega de trabalho de Joelmir Beting na TV e Rádio Bandeirantes, contou ao UOL que conhecia o jornalista há 30 anos e que sentirá falta do paulista de 75 anos como "quem sente saudades de um irmão mais velho". Joelmir Beting morreu na madrugada desta quinta-feira (29) à 0h55 em São Paulo. Ele sofreu um acidente vascular encefálico hemorrágico no domingo, considerado "irreversível"

Momentos depois de encerrar o jornal que apresenta na BandNews todas as manhãs, Boechat contou à reportagem que recebeu centenas de mensagens de leitores sobre Joelmir. "Para fazer uma síntese de todas essas manifestações, posso dizer que Joelmir deixou órfão um tipo de jornalismo direcionado àqueles que pagam impostos, que trabalham", disse ele.

Muitas mensagens que Boechat recebeu relatam encontros ocasionais dos leitores com Joelmir. "Muitos esbarraram com ele nas horas mais simples. Um leitor contou que, certo dia, estava parado em frente a uma vitrine de alianças quando Joelmir se aproximou: 'Compre logo essas alianças e a peça em casamento'. O homem respondeu: 'Mas e se não der certo?'. Joelmir rebateu: 'Se o amor existir, não tem como dar errado'. O leitor estava agradecido pelo conselho e contou que está casado até hoje".

Boechat disse que a figura humana de Beting fará tanta falta quanto a figura profissional. "Estamos diante de um ícone do jornalismo, mas a perda dessa figura humana é muito grande. Um homem que era afável e que tinha tiradas muito originais. Nunca disse uma frase amarga. Era querido pelo pessoal da maquiagem, do figurino. Acompanhar suas gravações era um recreio. É uma grande perda. Ele humanizou a relação das pessoas com a economia".

O velório aconteceu das 8h às 14h, quando a sala do cemitério foi fechada para um ato religioso apenas com a presença dos familiares. O corpo foi cremado no Cemitério Horto da Paz.

O jornalista estava internado desde 22 de outubro por causa de complicações renais, resultantes de uma doença autoimune. O quadro se agravou após o acidente vascular hemorrágico, que o deixou em coma e respirando com ajuda de aparelhos.

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