Em encontro com Macedo, Silvio elogia templo e brinca com a própria morte
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação/Record
A Record dedicou uma reportagem de 35 minutos de duração, na qual relata os bastidores do encontro entre os empresários Edir Macedo, dono da Record, e Silvio Santos, proprietário do SBT, as duas emissoras que brigam pela vice-liderança na preferência dos telespectadores.
O encontro aconteceu durante a semana no Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo, e foi exibido neste domingo (2) pelo "Domingo Espetacular", no mesmo horário do "Programa Silvio Santos".
Na reportagem, a revista eletrônica define Silvio como o "apresentador de milhões de fãs" e Macedo como o "bispo de milhões de fiéis", ambos "vindos de uma origem simples", e que "precisaram vencer muitos preconceitos para alcançar o sucesso".
O "Domingo Espetacular" revela também um Silvio Santos entusiasmado com as instalações do templo. "Olha que coisa bonita. Que coisa extraordinária. Um templo espetacular. Eu tinha a maior vontade de conhecer", disse o apresentador, que já havia recusado o convite para participar da inauguração do Templo de Salomão, em julho de 2014.
O dono do SBT demonstra o bom humor de sempre e brinca com a própria morte enquanto caminha ao lado do bispo Macedo. "Quando eu morrer, o rabino também vai lá, me joga no buraco e faz uma reza", disse o apresentador, que é judeu. "Está longe, Silvio", amenizou a repórter Adriana Araújo. "Eu sei lá quando é que está. Eu sei que [a morte] é um sono profundo, deve ser gostoso dormir", brincou, em seguida.
Ainda durante o encontro, o apresentador dá a sua opinião sobre a forte concorrência no mercado de TVs, e aconselha Edir Macedo. "Todos nós devemos puxar o barco juntos, e não ficar puxando cada um numa corda. Isso é bobagem. Todos nós deveríamos nos unir para alcançar melhores resultados. É melhor do que se digladiar uns com os outros."
Depois de 17 anos, Silvio Santos e Edir Macedo voltaram a se encontrar. A primeira vez aconteceu em 1998, quando Ratinho se desligou da Record e foi para o SBT. Silvio tomou a iniciativa de ir pessoalmente, numa manhã de domingo, sozinho, à igreja da avenida João Dias, em Santo Amaro, zona Sul de São Paulo, para tratar da questão da multa.
Além do casal Esther e Edir Macedo, a filha deles, Cristiane Cardoso também esteve presente, acompanhada do marido, Renato Cardoso. Iris Abravanel acompanhou o marido até o local.
Segundo o colunista do UOL Ricardo Feltrin, o encontro rendeu 17 pontos de média, 19 pontos de pico e a vice-liderança à Record. Os dados são prévios. Cada ponto na Grande São Paulo equivale a 65 mil domicílios.
Compra da TV Record
Através de um intermediário, Edir Macedo disputou a compra da TV Record --que pertencia a Silvio Santos e a família Machado de Carvalho-- com o Grupo Televisa, do México, com o Grupo Abril, com o Jornal do Brasil, o empresário Edevaldo Alves da Silva e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Macedo levou a melhor em 1990.
O interesse de Edir Macedo pela Record começou por meio de uma ligação telefônica, em 1989, quando ainda morava em Nova York. "A Record estava indo bem, mas aí vieram aquelas loucuras do Silvio. Ele queria passar três vezes o mesmo filme em um dia. Silvio Santos é um extraordinário vendedor, um homem de grande intuição comercial e um péssimo diretor de programação. Você vê o SBT, aquilo é uma lástima. É extremamente inseguro. Você pode ser escravo do Ibope, mas não pode tirar um programa do ar depois de um dia", diz Edir Macedo, em um trecho do livro "O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo", escrito por Christina Lemos e Douglas Tavolaro, publicado pela editora Larousse do Brasil, em outubro de 2007.
Segundo a biografia, Silvio Santos se arrependeu da venda da Record ao descobrir que o comprador era o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, mas foi avisado de que o pagamento da primeira parcela já havia sido efetuado.
À reportagem do "Domingo Espetacular", o dono do SBT nega a informação. Afirma apenas que não conhecia a IURD e também não sabia quem era Edir Macedo naquela época. "Pra mim, era o comprador que estava comprando a Record. O que ele faria com a Record seria problema dele", disse. "Fiz questão de vender, até porque eu não poderia ficar com mais estações do que eu já tinha. Não me arrependi da venda", ressaltou.
Silvio revela que usou a parte do dinheiro que recebeu para a construção de um prédio na Bela Vista, região central de São Paulo. "Eu fiz um prédio na Bela Vista, onde era o banco PanAmericano [vendido em 2013]. Peguei o dinheiro, que era a minha parte, e fiz o prédio, que está lá até hoje. Aquele prédio representa a parte do que eu tinha da Record no tempo que eu era sócio da família Carvalho", contou Silvio.
No total, Edir Macedo assumiu uma dívida de US$ 45 milhões ao adquirir a Record, pagas em várias parcelas, e com muita dificuldade. Ele só conseguiu se livrar da dívida graças ao Plano Collor, que desvalorizou a moeda americana.
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