Autor de "Felizes Para Sempre?" diz que cena de sexo não é essencial

Beatriz Amendola
Do UOL, em São Paulo
Divulgação/Globo
O autor de novelas Euclydes Marinho

Centrada em cinco casais em crise que podem protagonizar um crime passional, a minissérie "Felizes para Sempre" estreia na próxima segunda-feira (26) não só com um grande elenco, como também com a promessa de cenas quentes e sensuais – não à toa, uma das chamadas traz Paolla Oliveira, que interpreta a garota de programa Denise/DannyBond, só de calcinha, de costas para a câmera. Mas parte sexual da trama não preocupou o autor Euclydes Marinho, que em entrevista ao UOL disse não ter a intenção de fazer uma "revolução" nesse tipo de cenas e nem se preocupar com os cortes pelas quais elas passam.

"Eu não tenho pudor nenhum em escrever. Eu escrevo e torço para que seja realizado dentro do bom senso, da elegância. Estamos na televisão, na casa das pessoas, então tem que ter um respeito sim. A pessoa não comprou entrada para ver um filme com uma cena explícita. Escrevo indicando que será realizado dentro dos padrões televisivos. Não quero fazer revolução. Cena de sexo não tem muita novidade: são dois corpos rolando, 'aiai' e 'uiui'", contou Marinho.

O autor afirmou que algumas cenas mais sensuais foram cortadas, mas sem nenhum prejuízo para a história: "Por mim, poderia não ter as cenas de sexo. Isso [o corte] sempre tem. A Globo pede para tirar umas cenas. Mas ela pede em qualquer programa. Tem o departamento jurídico, tem a classificação indicativa que tem que cumprir. Às vezes a gente erra a mão, faz parte".

Alvo de polêmicas antes da estreia da minissérie, a trama que mostra o relacionamento lésbico entre Danny e Daniela (Martha Nowill) não será prejudicada. "Em vez de dez beijos [gays], deixa sete, três, um beijo menor. Não há nada demais. Gosta-se de fazer um barulho. Não é censura, faz parte do trabalho. Eu sou do tempo da censura de verdade. Quando os programas eram cortados: uma cena inteira, duas cenas, metade..."

Parceria com Meirelles e relação com "Quem Ama Não Mata"

O autor comemorou a parceria com o diretor Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus" e "360". "Gostei muito de trabalhar com ele. Conhece muito seu oficio, é um craque e uma pessoa de um trato humano sensacional", elogiou. O resultado final da minissérie também agradou muito: "Estou gostando muito. Está muito bonito, está bem acabado".

"Felizes para Sempre" guarda semelhanças com "Quem Ama Não Mata", minissérie de Marinho que foi ao ar em 1982. Mas o autor garante que as tramas têm diferenças fundamentais quanto à dinâmica. "São histórias de casais em crimes que resultam em um crime, é a única semelhança. Peguei esse pensamento de que se casais em crise não tomam nenhuma atitude, pode acontecer algo terrível. Mas agora o crime pode acontecer em qualquer casal. Em 'Quem Ama Não Mata', eram duas pessoas só."

Conhecido por escrever várias obras que dão destaques para os relacionamentos amorosos de seus personagens, como "Capitu" e "Malu Mulher", Marinho acredita que muito de seu envolvimento com essas obras venha de sua própria vida pessoal. "Talvez porque minha vida seja regulada pelos meus relacionamentos. É uma coisa muito importante, meus casamentos, minhas histórias. Faz parte do meu trabalho, é uma coisa muito presente na minha vida a história de amor, já fui casado oito vezes. Vivo nesse mundo das relações".