Racista em série, Alessandra Maestrini usa peruca para não apanhar na rua

Ana Cora Lima
Do UOL, no Rio

Na pele da gaúcha Gaudéria na série "Sexo e as Negas", a atriz Alessandra Maestrini optou por não clarear os fios de seu cabelo para não ser confundida pelo público. "Estou de peruca loiríssima para não apanhar na rua, porque a minha personagem é racista", contou ela ao UOL, durante apresentação do seriado para imprensa nesta segunda-feira (8).

Dona de um salão de beleza, Gaudéria é do tipo reclamona e sempre tem um "causo" pra contar. "Ela fala coisas pesadas, mas nada que as pessoas não falem nas ruas. Essa personagem mostra a realidade e os preconceitos que alguns sofrem. No fim, a ridicularizada passa a ser ela. A personagem tem alma e trejeitos de 'negona'", adiantou a atriz. "Sempre tive esse jeito e meus amigos costumam dizer que eu sou a branca mais 'negona' que eles conhecem. É natural", completou.

A história de "Sexo e as Negas" gira em torno de quatro amigas: a camareira Zulma (Karin Hils), a recepcionista Lia (Lilian Valeska), a operária Tilde (Corina Sabbas) e a cozinheira Soraia (Maria Bia). Moradoras da Cidade Alta de Cordovil — vaidosas, sonhadoras e de temperamentos diferentes — as "negas" tocam suas vidas lidando com sentimentos como desejo, medo, prazer e inseguranca. As quatro também fazem questão de aproveitar os prazeres do cotidiano, como uma noite animada no baile da comunidade.

Com inspiração na série "Sex and the City", o ator e escritor Miguel Falabella resolveu criar uma história mais próxima da realidade brasileira. "Eu falo de mulheres que, por acaso, moram em uma comunidade, mas que querem ficar bonitas, querem arrumar homens que as amem e que cuidem de suas possíveis crias. É como qualquer outra mulher no mundo!", explica Falabella, fã da série norte-americana que o inspirou. 

A atração deve estrear na Globo dia 16 de setembro, às 23 horas.

Homossexualidade

Alessandra, que recentemente assumiu ser bissexual, afirmou que a resposta do público foi "maravilhosa". "Confesso que quando revelei não esperava ser acolhida. Senti que era a hora de falar e achava que iria ter gente a favor e gente contra, mas sinto 99% a favor". 

"Foi um alívio. As pessoas dizem que no meio artístico tem muita de sexualidade diferente. Isso acontece em todos os meios. Os artistas estão na vitrine e essa é a única diferença. Não somos minoria. Sei de poucos que dão à cara a tapa. Ninguém quer ser pária", completou a atriz.