"Durante muito tempo, TV foi aquela caixa no meio da sala", diz responsável pelo Emmy

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

  • Frederick M. Brown/Getty Images

    Bruce Rosenblum, presidente da Academia de Artes e Ciências da Televisão

    Bruce Rosenblum, presidente da Academia de Artes e Ciências da Televisão

Para Bruce Rosenblum, presidente da Academia de Artes e Ciências da Televisão (ATAS) americana, o Emmy deste ano – prêmio que será entregue neste domingo (23), com transmissão ao vivo no Brasil pelo canal de TV a cabo Warner Channel – chega em um momento de “extraordinária e empolgante redefinicão” da própria TV.

“Durante muito tempo, TV foi aquela caixa no meio da sala das casas. Hoje a caixa é o que menos importa. As pessoas estão vendo conteúdo em seus computadores, em seus telefones, na hora que querem, do modo que querem. E isso nos levou a valorizar o que realmente é importante: o conteúdo. O que as pessoas estão consumindo não é mais a novidade da caixa: é o que está além dela. Conteúdo episódico, narrativas. E hoje, isso está sendo consumido mais do que nunca”, diz.

E ele pratica o que prega. Em seus nove meses como presidente da ATAS, Rosenblum – presidente do Television Group da Warner desde 2005 e um dos articuladores da parceria com a rede CBS que criou o bem-sucedido canal CW –, renovou a instituição, abrindo suas portas para o conteúdo fora da caixa. Convidou para a diretoria jovens produtores com experiência em webisodes e representantes de serviços de distribuição digital, inclusive o presidente do serviço de streaming Hulu. Abriu a qualificação aos Emmys para conteúdo criado e distribuído por serviços como YouTube, Amazon, Hulu, Netflix e DirecTV (que, entre outras coisas, há dois anos assumiu a produção da série Damages, com Glenn Close). E deu partida a uma série de seminários reunindo profissionais das redes abertas, pagas e digitais.

O Emmy é a atividade mais conhecida da ATAS, e Rosenblum espera que, na medida em que o próprio veículo evolui de forma tão radical, os prêmios possam refletir essa diversidade. "Acho muito interessante um caso como o da série Children’s Hospital. Ela está hoje na Comedy Central, mas começou como uma série de webisodes no YouTube. É o tipo de cruzamento que eu vejo mais e mais no futuro, e acho superempolgante”, diz.

Igualmente empolgante, para Rosenblum, é a qualidade cada vez maior do conteúdo disponível em todas as plataformas. “Olhando os indicados deste ano eu vejo uma produção com um nível de qualidade espetacular”, diz Ronseblum. “Em drama e em comédia. Acho que não é exagero dizer que estamos vendo, agora, um volume de qualidade na TV como não temos há algumas décadas.”

O segredo? “Competição”, diz Rosenblum. “Quando o Emmy começou, tínhamos apenas quatro redes de TV nos Estados Unidos. Hoje temos uma infinidade de canais, por cabo, satétile e, agora em todas as novas plataformas. O resultado é que nunca se consumiu tanto conteúdo episódico, e nunca se deu tanto trabalho e oportunidade para uma variedade tão grande de talento. Tenho um tremendo orgulho do nível de qualidade e diversidade dos indicados deste ano.”

Rosenblum admite, contudo, que o Emmy continua tendo alguns problemas. Ano passado o show da entrega, transmitido pela Fox nos EUA, teve uma queda de 8% na audiência. E, Rosenblum sabe, o Emmy não é tão conhecido, internacionalmente, como o Oscar.

“Uma coisa que nos diferencia daquele outro prêmio da outra academia é o fato de termos uma rotação de emissoras transmitindo o evento, enquanto eles têm um contrato de muitos anos com uma rede, a ABC”, diz Rosenblum. “Cada ano temos uma nova série de desafios para enfrentar. Mas estamos trabalhando diligentemente com nossos distribuidores pelo mundo afora para garantir uma melhor visibilidade. Na medida em que nosso conteúdo aumenta sua qualidade e sua penetração nos mercados internacionais, com certeza o Emmy também passará a ter mais visibilidade.”

Transmissão
A 64ª edição do Emmy Awards, maior prêmio da televisão norte-americana, ocorre neste domingo, com transmissão ao vivo no Brasil pelo canal de TV a cabo Warner Channel. A noite terá como anfitrião o comediante e apresentador Jimmy Kimmel.

A exibição da premiação na Warner tem tempo estimado de duas horas e terá áudio principal em inglês com tradução simultânea em português.

A cerimônia, que acontece em Los Angeles, será apresentada a partir das 20h, com a chegada dos artistas no tapete vermelho. A entrega dos prêmios começa às 21h, com comentários do jornalista Paulo Gustavo Pereira. A reapresentação do evento será no dia 24 de setembro, às 17h.

Entre as personalidades confirmadas para entregarem prêmios estão Ricky Gervais, (“The Office”),  Louis C.K. (“Louie”), Ginnifer Goodwin (“Once Upon a Time”), Mindy Kaling ("The Mindy Project"), Jim Parsons  (“The Big Bang Theory) e Amy Poehler (“Parks and Recreation”).

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