O adeus de David Letterman e de uma era na televisão dos EUA

Mario Villar

  • Getty Images

    Aposentadoria de David Letterman colocará fim a uma era de apresentadores de talk shows da TV norte-americana

    Aposentadoria de David Letterman colocará fim a uma era de apresentadores de talk shows da TV norte-americana

Uma era da televisão nos Estados Unidos dirá adeus na próxima quarta-feira (20) com a despedida de David Letterman, o decano dos "late-night shows" e uma lenda da telinha norte-americana. O apresentador colocará fim a 33 anos à frente deste tipo de programa - primeiro na "NBC" e desde 1993 na "CBS" - e com ele se despedirá o último integrante de uma geração de comediantes que fez escola.

Brincalhão, irreverente e, à medida que avançou sua carreira, cada vez mais irônico, o apresentador entrará para a história como um dos grandes renovadores do gênero e, ao mesmo tempo, como um dos comunicadores mais bem-sucedidos das últimas décadas.

Com seu adeus, se completará a renovação da grade de programação noturna nos EUA, já dominada por rostos muito mais jovens como Conan O'Brien, Jimmy Kimmel e o novato Jimmy Fallon, que conduz o "The Tonight Show" na "NBC".

O espaço foi, precisamente, o sonho inalcançável de Letterman, que começou sua caminhada televisiva na emissora e que pretendia substituir o lendário Johnny Carson nesse programa.

No entanto, quando este se aposentou, a "NBC" surpreendeu e optou por passar o bastão a Jay Leno, empurrando Letterman na direção da "CBS", da qual não se movimentou durante 22 anos.

Nesse período, com um programa diário, o apresentador teve tempo de sobra para deixar centenas de momentos memoráveis, desde o humor arruaceiro de seus primórdios até seu emocionante discurso após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando foi o primeiro comediante a voltar ao ar.

Letterman também viveu momentos difíceis, por exemplo, quando admitiu no ar ter mantido relações com uma assistente e com outras funcionárias para evitar uma tentativa de chantagem por parte de uma delas.

O comediante confessou então ter feito "coisas horríveis" e se transformou em alvo de muitas críticas, que no entanto não lhe impediram de continuar durante anos com seu programa.

Também não pôde com ele uma operação de coração no ano 2000, que lhe obrigou a ficar um mês afastado da televisão, mas da qual voltou com mais força do que nunca.

Para Letterman, muito mais que aquela cirurgia, o verdadeiramente assustador chega agora, quando aos 68 anos porá fim a uma vida dedicada à televisão.

"Eu me sinto nu e assustado", admitiu recentemente sobre a aposentadoria, após o que não tem ainda muito claro o que fará. "Duvido que alguém volte a me ver", brincou.

Nas últimas semanas, Letterman - que será substituído por Stephen Colbert - já foi antecipando o fim de seu programa com várias entrevistas especiais com, entre outros, o ex-presidente Bill Clinton, Julia Roberts, George Clooney e Oprah Winfrey.

Nesta segunda-feira, o entrevistado será o ator Tom Hanks e a apresentação musical estará a cargo de Eddie Vedder, o líder do Pearl Jam, enquanto na terça-feira o apresentador fechará o ciclo com uma entrevista com seu primeiro convidado há 33 anos: o comediante Bill Murray, que fará sua 44ª aparição no programa.

Nesse dia, após duas décadas de ausência, a música será responsabilidade de Bob Dylan, à espera de um último episódio na quarta-feira do qual não foram dados muitos detalhes.

Entre os rumores se destaca o de uma possível aparição de Jay Leno, aquele que foi primeiro seu aprendiz e depois seu grande rival, ao qual Letterman sobreviveu nas telas, e que poria um clássico final feliz à carreira de um ícone americano.

Veja imagens da carreira do apresentador David Letterman
Veja imagens da carreira do apresentador David Letterman

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