Big Brother Brasil 10Crítica

22/12/2009 - 18h19

Craques parecidos no mesmo time: Lula e Serra têm razão

Mestre na utilização de metáforas futebolísticas para transmitir mensagens de cunho político, o presidente Lula comparou a possibilidade de o PSDB disputar a eleição presidencial com uma chapa "puro-sangue", formada por Serra e Aécio, a um time que contasse com dois Tostão, dois Coutinho ou, ainda, dois Dirceu Lopes. "Não sei se daria certo", criticou. Serra reagiu dizendo que dois Ademir da Guia podem, sim, jogar no mesmo time. "Acho que quando um jogador é muito bom dá pra duplicar, encontrar um jeito de se arrumar no campo". Há exemplos em defesa de ambas as teses. A favor de Serra, pode-se recorrer à seleção brasileira de 1970. O time que encantou o mundo, comandado por Zagallo, exibia na linha de frente quatro jogadores que atuavam com a camisa 10 em seus times - Pelé, Tostão, Jairzinho e Rivelino. Mas há, a favor de Lula, inúmeros exemplos de times e seleções que, por excesso de craques com características semelhantes, fracassaram. A seleção brasileira de 1982, com Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates é um exemplo. O Flamengo de Romário, Sávio e Edmundo, "o ataque dos sonhos" que terminou conhecido como "o pior ataque do mundo", é outro exemplo que me vem à memória. Feliz ou infeliz, a metáfora de Lula tem a qualidade de manter, ao menos por ora, a discussão política num nível aceitável de civilidade. Temo que, iniciada a campanha presidencial, até as metáforas futebolísticas vão merecer cartão vermelho.
Mauricio Stycer

Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL.

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