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10/01/2008 - 23h30
Segunda temporada de "Heroes", que estréia nesta sexta, perde impacto

CÁSSIO STARLING CARLOS
Especial para o UOL

Divulgação

A líder de torcida Claire, que se muda para a Califórnia e tem que se adaptar à nova escola

A líder de torcida Claire, que se muda para a Califórnia e tem que se adaptar à nova escola

Salvar a "cheerleader", depois o mundo, foi uma barbada! Complicado mesmo para o grupo de pessoas comuns com poderes excepcionais que constituem o núcleo da série "Heroes" será sobreviver às críticas negativas, ao desempenho declinante de audiência e à interrupção da segunda temporada provocada pela greve iniciada pelos roteiristas de Hollywood no último dia 5 de novembro e ainda sem previsão de término.

Enquanto isso não se resolve, o espectador brasileiro começa a acompanhar a partir das 21h desta sexta (11), no Universal Channel, a primeira leva de onze episódios cuja produção chegou a ser concluída antes da paralisação promovida pelo WGA (Sindicato de Roteiristas Americanos).

Menos ação

Ao contrário do primeiro ano, que conquistou o espectador com sua mistura de ação incessante, personagens cativantes e repertório pop fascinante, a segunda temporada começou com um investimento maior no desdobramento de histórias e na introdução gradual de novos personagens.

Hiro foi pôr à prova suas habilidades em outro espaço-tempo, Matt verá ressurgir do passado maiores e mais fortes desafios a suas capacidades telepáticas, enquanto Claire, que se mudou com a família para a Califórnia, enfrenta dificuldades para se adaptar em uma nova escola secundária cheia de patricinhas insuportáveis.

Ao lado deles, a chicana Maya sofre com o irmão, Alejandro, sem noção de para que serve seu superpoder letal. Mônica, sobrevivente do furacão que devastou Nova Orleans, inquieta-se com sua habilidade de copiar ações alheias e, a ambígua Ellie aparece para torrar quaisquer obstáculos com sua fonte inesgotável de energia.

Mistérios demais

Essas opções levaram a série a enfrentar problemas de recepção semelhantes aos de "Lost", sua antecessora na preferência do público. Depois de uma primeira temporada com desempenho espetacular, a série sobre os sobreviventes de um desastre aéreo começou a sofrer ataques devido à tendência de seus roteiristas de manter seus espectadores totalmente perdidos em um oceano de mistérios. É a chamada maldição da segunda temporada, que toda criação de impacto acaba tendo de enfrentar, depois que o efeito-surpresa perde gradualmente seu poder de impacto.

Tim Kring, criador e produtor-executivo de "Heroes", assumiu em entrevistas ter se equivocado no andamento de alguns desdobramentos da segunda temporada (em particular, as demoradas aventuras de Hiro no século 17 feudal japonês). "Pensamos que o público tivesse expectativa por um tanto de narrativas, mas o que ele quer é adrenalina", declarou King à "Entertainment Weekly".

Diante dos problemas, a interrupção, graças à greve dos roteiristas, parece ter vindo em boa hora. Pelo menos serviu de oportunidade para os criadores de "Heroes" refazerem os planos para esta segunda temporada.
O projeto original era dividi-la em três volumes: "Gerações", "Êxodo" e "Vilões". O segundo volume foi suprimido da concepção e, quando retornar com o fim da greve, a ação deve predominar, com a entrada em cena de antigos e novos sinistros personagens, capazes de oferecerem novos e excitantes cataclismos à humanidade.

Com eles, esperamos que nossos heróis deixem de lado seus problemas familiares e do dia-a-dia e assumam que já que ganharam superpoderes que precisam estar ativados.


Cássio Starling Carlos é crítico da "Folha de S. Paulo" e autor de "Em Tempo Real - Lost, 24 Horas, Sex and the City e o Impacto das Novas Séries de TV" (Ed. Alameda)

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