Executivos atribuem maior audiência na TV paga à qualidade do conteúdo
Beatriz Amendola
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação
"Cake Boss" faz sucesso no Discovery Home & Health; para executivos de canais pagos, conteúdo é o que mais atrai audiência
Mesmo em época de crise, a audiência dos canais de TV paga segue crescendo – de acordo com o colunista do UOL Ricardo Feltrin, só em São Paulo houve um aumento de 37,7% em um ano. E as razões para o crescimento estão principalmente no conteúdo oferecido pelos canais , de acordo com executivos que se reuniram nesta quinta-feira (6) para um painel no congresso da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).
Para Mônica Pimentel, vice-presidente de conteúdo da Discovery Brasil, a melhora do conteúdo e o fato de hoje os assinantes estarem deixando a TV aberta de lado para se aventurarem na TV paga são os responsáveis pela boa situação do grupo. "Há muito mais esforços de entregar conteúdo de maior qualidade, que tenha sinergia com esse público. Isso faz com que essa entrega seja melhor e o público hoje reconhece o valor desses programas. O público está no processo de descobrir a TV paga e tudo o que ela tem a oferecer".
Diretora de produção da Viacom, que é dona de canais como MTV, Comedy Central e Nickelodeon, Elisa Chalfon afirmou que as mídias digitais contribuem muito para a audiência e contou que a empresa tem procurado formas de incluir mais os jovens, seu principal público-alvo. "Nos últimos tempos, temos trabalhado com vários estudos para entender com quem estamos falando. Os millenials nasceram com outra chapinha, não é como a gente que chegava e ligava na globo. Eles querem decidir como vão assistir e a quantidade que vão assistir. Eles querem um bom conteúdo e querem pertencer a isso".
O fato de a TV paga também dar espaço para programas diversos, que gerem mais identificação com o espectador, foi citado por Cícero Aragon, diretor presidente da Box Brazil, dona do Music Box Brazil e do Travel Box Brazil. De acordo com ele, a internet mudou o jogo e criou no espectador a vontade de ter acesso a novos conteúdos. "Hoje as pessoas não querem mais do mesmo, elas querem descobri várias coisas. Eu passo a querer experiências novas, e quero que alguém faça uma programação para mim. Porque quando vejo alguém que programa para mim, eu fico mais a vontade com aquilo".
Zico Góes, diretor de conteúdo da Fox, concordou que a identificação é importante. "A tecnologia hoje facilita se faz com que se assistam mais conteúdos. A curadoria é mais necessária ainda. As marcas ainda são importantes, é um porto seguro mesmo. Eu assisto ao seu canal porque ele tem algo com o qual me identifico."
O desafio, nesse caso, é não cair na tentação de produzir só aquilo que está dando certo na concorrência. "Essa pasteurização dos produtos acho arriscado", opinou Góes. "É empurrar bêbado em ladeira. Todo mundo vai fazer o mesmo programa porque é o que a audiência quer. Mas a audiência não sabe o que quer. A gente tem que se arriscar e se antecipar. O produtor tem que ter sangue frio e intuição. Quando acabar o boom de gastronomia culinária, o que vai ser de nós, vamos todos fugir para as montanhas?"