"Não queria estar no lugar dele agora", diz Justus sobre Donald Trump

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/Record

    3.jul.2014 - Roberto Justus na final do "Aprendiz Celebridades"

    3.jul.2014 - Roberto Justus na final do "Aprendiz Celebridades"

Após o empresário e apresentador Donald Trump se declarar contra a imigração de mexicanos nos Estados Unidos nesta semana, a emissora NBC rompeu todo e qualquer vínculo com Trump e deixará de transmitir os concursos Miss EUA e Miss Universo, além de cancelar sua participação no reality show "The Apprentice" (O Aprendiz). Roberto Justus, apresentador de oito temporadas do reality show no Brasil, conversou com o UOL sobre os comentários xenófobos do bilionário americano.

"A repercussão foi muito negativa. Eu não queria estar no lugar dele agora, se ele ainda tivesse voltado atrás, se desculpado, falado alguma coisa, jogado em outro contexto. Ele não fez isso. Não pode ser tão orgulhoso assim, né? As pessoas erram às vezes e falam mais do que precisam, acontece. A primeira coisa que tem que fazer é reconhecer e ele não fez isso", opinou.

Em um discurso para se apresentar como candidato à Presidência dos Estados Unidos, pelo Partido Republicano, Trump criticou a imigração de mexicanos, chamando os Estados Unidos de "lixeira para os problemas de todo mundo". "Quando o México envia seu povo, eles não estão enviando o seu melhor. Eles estão enviando pessoas que têm muitos problemas". O pré-candidato também afirmou que os mexicanos trazem drogas, crime, são estupradores e que alguns, são boas pessoas.

Para Justus, Trump errou ainda mais ao dar a declaração no momento em que almeja um cargo político. "Isso é uma coisa totalmente descabida neste momento quando você quer se alçar ao maior posto da política mundial, ser governante da maior nação do mundo, em termos econômicos e de poderio, e você faz uma declaração dessa sobre um parceiro, um vizinho, que é um país importantíssimo para os Estados Unidos, o México, achei muito fora de propósito, e ele está sofrendo as consequências. Por mais que o Trump tenha poder, tenha dinheiro, essa declaração tão polêmica e tão fora de sintonia com o mundo atual é totalmente desnecessária", declarou.

Richard Drew/AP
Donald Trump

"Sempre admirei"

Justus lembra que antes de começar a gravar a versão brasileira de "O Aprendiz" esteve pessoalmente com Donald Trump em Nova York e foi muito bem recebido pelo empresário. Apesar disso, reforça que as semelhanças entre os dois são apenas por comandarem o mesmo reality show.

"Sempre admirei a forma que ele apresentava o programa lá, com muito pulso, ele é um cara muito inteligente. Estive pessoalmente com ele, que foi superquerido, simpático. É um sujeito que tenho admiração, já teve problemas no passado financeiro, já se reergueu, contruiu um império imobiliário, é um sujeito que tem um toque bom de negócios, um cara admiravél, não consigo entender essa falta de atenção que ele teve com o assunto ou pensar assim porque é uma discriminação totalmente sem pé nem cabeça, na minha opinião", diz.

Futuro de "O Aprendiz"

O rompimento da NBC com Trump pode não afetar diretamente o apresentador. Roberto Justus acredita que o formato já está desgastado nos Estados Unidos e que talvez não ocorra uma nova edição. A troca do comando do reality show pode não ser bem recebida pelos telespectadores.

"O Donald já deu o que tinha quer dar neste programa, talvez seja por isso que ele não esteja muito preocupado. Não vejo ele ['Aprendiz´] com outro apresentador. Tentaram com a Martha Stewart  uma época, não foi grande coisa, não foi legal, ele voltou. Como no Brasil, fizeram dois anos com o João Dória também não foi a mesma coisa. Esse programa tinha a cara dele lá, tinha a minha cara aqui, então, é difícil substituir", opinou Justus.

"Empresários poderiam tocar a política maravilhosamente bem"

Diferente de Trump, o empresário e apresentador brasileiro garante que não tem o menor interesse em entrar para a política no Brasil, critica a forma de governo do país e defende a privatização.   

"Já recebi vários convites, mas é um mundo muito complexo, muito difícil no Brasil. Na minha visão o governo devia cuidar de saúde, educação e do social. Todas as empresas do governo deviam ser privatizadas. Eu vejo muito que um presidente da República tinha que ter autonomia de chefe, de presidente de empresa. Se você colocar grandes empresários brasileiros na presidência do Brasil, me excluindo disso, poderiam tocar o país maravilhosamente bem, pessoas bem-sucedidas, que não têm interesse de roubar o país e fazer o que está acontecendo aí e não tenham esse ranço político, apesar de ter alguns bons políticos, a gente não pode generalizar em nada. A presidente da República tem limitações, depende de um congresso, de uma série de interesses. Eu jamais aceitaria um cargo, em que eu tenho um cargo, mas não tenho a condição de executar nada. Isso pra mim não funciona".

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos