Fazer "Acredita na Peruca" foi como montar um musical por dia, diz diretor
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
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Juliana Coutinho/Divulgação
Charles Möeller (à direita) com Luiz Fernando Guimarães e Bárbara Paz nos bastidores de "Acredita na Peruca"
Um pé no teatro, um pé na TV. "Acredita na Peruca", que estreia nesta segunda-feira (18), às 22h30, no Multishow, marca a primeira vez de Charles Möeller à frente de uma série de televisão sem abrir mão da experiência do roteirista e diretor, especialista em musicais. Afinal, o salão de beleza comandado pela socialite Eleonora (Luiz Fernando Guimarães) tem direito a plateia e encerramento com apresentação musical. A grande diferença, segundo ele, é que o formato exigia a montagem de até três peças diferentes por semana.
"Sou considerado um diretor rápido, monto um espetáculo em oito semanas. Mas aqui era um por dia. A gente ensaiava na segunda, gravava terça, ensaiava quarta, gravava quinta, ensaiava sexta, gravava sábado. Cada episódio tem 45 páginas. Pra se ter uma ideia, o musical 'Nine', que estou ensaiando há dois meses, tem 60", conta ele, responsável, ao lado do parceiro Cláudio Botelho, por sucessos como "Beatles num Céu de Diamantes", "Hair" e "Avenida Q".
Até a origem do humorístico é teatral: inicialmente, o projeto era de um monólogo - "O Impecável", que a dupla ainda tem planos de montar este ano -, escrito para o ator. Uma das sete personagens, que representavam os pecados capitais, era Eleonora, que ganhou status de protagonista na adaptação para a TV, enquanto outros tipos inusitados circulam pelo ambiente.
Além de participações especiais, como a de Bárbara Paz, o Impecável Beauty Salão and Spa é frequentado pelo gogo boy Carlão (João Gabriel Vasconcellos), a drag queen Lucy in the Sky (Beto Carramanhos), o ajudante Sebastian (Eucir Souza), a ex-atriz pornô Stephanie (Miá Mello), a emergente Maria Eduarda (Fernanda Nobre), a cantora Coral (Gottsha) e a filha problemática de Eleonora, Silvia (Claudia Missura).
"É o dia que encontra com a noite. Tem a drag queen, o gogo boy, a cantora de boate dentro de um salão. Existe uma mistura de vilanias, é como se fosse um Robin Hood às avessas, eles se vingam do mundo. E o público adora os vilões", conta.
Salão de beleza, aliás, é prato cheio para o humor. O ambiente, que também é cenário de "Chapa Quente" e já abrigou programas como "Macho Man", é uma ferramenta interessante para a dramaturgia, segundo Möeller. "É um lugar aonde as pessoas vão para melhorar a autoestima, e mistura muitas coisas, como inveja, ira, cobiça... No nosso caso, Eleonora é uma socialite, era uma mulher aristocracia frenquentou nunca trabalhou e pela primeira vez tem que conviver com essas pessoas com quem nunca teria contato", explica.
Participação da plateia
A presença de espectadores durante a gravação foi fundamental para o processo, conta o diretor. Em alguns dias, a reação do público influenciava tanto que alguns episódios precisaram ser diminuídos. "Era um teste imediato, e foram poucas coisas que não funcionaram. A plateia era muito ativa, dançava no final, deu um termômetro pra gente", conta ele, que teve ajuda do elenco e da equipe para interromper pouquíssimas vezes a apresentação.
A televisão não é um bicho estranho para Möeller, que já esteve diante das câmeras como ator (em novelas como "A História de Ana Raio e Zé Trovão" e "Xica da Silva"). Depois disso, fez direção musical em séries como "Chiquinha Gonzaga" e "Dalva e Herivelto", mas é a primeira vez que comanda uma atração criada por ele. E a liberdade de interferir em todos os estágios da produção, da direção de arte ao figurino, é motivo de orgulho, já que na televisão as áreas costumam ser mais setorizadas.
"Trouxe um pouco do teatro musical para a televisão e ela me deu velocidade e desapego. Não é todos os dias que você faz uma cena incrível, mas no dia seguinte tem uma nova. Sou superexigente comigo mesmo, mas fiquei muito feliz. Se der errado, a culpa é minha", brinca.
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