"Tinha uma coisa pessoal", diz Bial sobre cobertura da reunificação alemã

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

  • Divulgação/TV Globo

    Pedro Bial é filho de refugiados alemães

    Pedro Bial é filho de refugiados alemães

Filho de refugiados alemães, Pedro Bial guarda uma frustração dos tempos de repórter: não cobriu o momento exato da queda do muro de Berlim, no dia 9 de novembro de 1989 – a tarefa coube ao colega Silio Boccanera. Correspondente internacional da TV Globo no escritório em Londres nas décadas de 80 e 90, o jornalista havia sido deslocado para uma cobertura em Brasília, mas voltou a tempo de participar do momento histórico para o país e para seus parentes mais próximos. "Tinha uma coisa pessoal, eu estava contando o fim da história para a minha família. Minha avó era viva na época. Tinha muitas camadas de emoção", afirmou.

Trabalhando na capital inglesa por oito anos, ao lado de Paulo Francis, Bial contou em breve conversa com o UOL que sua ascendência ajudou na sua experiência no exterior. "Eu cobri todo o ano de 1989, foi um castelo de cartas que acabou com o socialismo real na Europa Oriental. Como tenho cidadania alemã, entrava na Alemanha Oriental quando estava fechada para estrangeiros, então fiz uma cobertura muito boa", disse o apresentador de 56 anos, que comanda o "Big Brother Brasil" e o "Na Moral".

No entanto, ele foi chamado para cobrir a primeira eleição livre no Brasil. "Na noite do muro eu estava em Brasília. Foi uma certa frustração, mas logo depois voltei (para a Alemanha). Eu não estava naquela noite da queda, mas deu tempo de chegar lá com o meu martelinho e pegar o meu pedaço do muro. Deu tempo de pegar a unificação", contou.

Uma semana depois, Bial retomou sua cobertura e, em outubro de 1990, fez sua primeira transmissão ao vivo para o "Jornal Nacional" da noite da reunificação da Alemanha. "Foi tudo muito rápido, naquele processo eu fiz a primeira transmissão ao vivo internacional não esportiva para o 'JN' na noite do momento da unificação. Isso ficou muito forte em mim", ressaltou.

No telejornalismo brasileiro, Pedro Bial coleciona no currículo relevantes coberturas de momentos da história mundial. Durante os oito anos em que trabalhou no escritório da Globo na capital londrina, Bial cobriu importantes acontecimentos como a libertação do líder sul-africano Nelson Mandela em 1990; as guerras do Golfo, em 1991; e da Bósnia, em 1992; assim como o fim da União Soviética, em 1991.

"A gente tinha consciência clara de que estava vivendo um momento muito importante, histórico mesmo, que ali acabava o século 20 e que ali acabava 1917. Dessa vez, em 1991, eu estava no fim da União Soviética", recordou.

Na sua profissão, o muro de Berlim, que separou a Alemanha Oriental socialista de Berlim Ocidental capitalista entre 1961 e 1989, foi, sem dúvida, marcante. "O anúncio da queda do muro foi dia 9 de novembro, mas essa festa durou uma semana e eu cheguei lá dia 15 e ainda deu para pegar um pedacinho do muro que guardo comigo, ao lado da calcinha da Priscila do Big Brother", disse.

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