Com Maria Casadevall, "Lili, a Ex" mostra que de louco todos têm um pouco
Natália Guaratto
Do UOL, em São Paulo
-
André Brandão/Divulgação/GNT
Maria Casadevall interpreta a obcecada Lili na série "Lili, a Ex", que estreia em 24 de setembro no GNT
Inverter o olho mágico da porta do apartamento onde o ex-marido mora para poder espiá-lo é só a mais leve das loucuras de Lili (Maria Casadevall), a protagonista da série "Lili, a Ex", que estreia no canal GNT no próximo dia 24 de setembro.
Baseada nas tiras de Caco Galhardo, que mostram uma ex-mulher ciumenta cujo maior objetivo na vida é não deixar Reinaldo (Felipe Rocha) se envolver com outra mulher, a série aborda com bom humor o universo das pequenas loucuras, manias e obsessões do ser humano. Além de Lili, ciumenta paranoica, a série traz Reinaldo, com manias de limpeza, Reginaldo (João Vicente de Castro), bitolado com a aparência, e Gina (Rosi Campos), compulsiva por compras. "A gente partiu da premissa de que de loucos todos têm um pouco", resume Lilian Amarante, que divide a direção da comédia com Luis Pinheiro. O elenco ainda tem Daniele Fontan, como Cintia, e Milton Gonçalves, como Anselmo.
O UOL esteve nos estúdios da produtora O2 Filmes em Carapicuíba, São Paulo, onde a série é gravada, e acompanhou um dia de gravações, quando duas cenas foram rodadas depois de incontáveis ensaios e repetições. Após a jornada, que havia começado às 6h da manhã, Maria Casadevall pediu para sentar na área externa dos estúdios "para ver o sol pela primeira vez no dia" e contou como tem encarado sua primeira experiência em uma comédia televisiva. "É uma batalha diária, uma aula, um aprendizado. Acho a comédia mais difícil que o drama ou o melodrama. A comédia tem o timing muito certo. Se você perder a piada, é uma cena inteira que vai por água a baixo", diz a atriz, de 27 anos.
Maria se considera uma ex-namorada tranquila e, apesar de não se identificar com o lado ciumento de Lili, a atriz afirma que se enxerga em alguns aspectos da personagem. "Eu me identifico mais com as coisas que ela pensa do que com o que faz. Por exemplo, nas coisas mais cotidianas, você está no banco e a fila não anda então você se imagina batendo em todo mundo, jogando cadeira. Me identifico nos acessos de fúria gratuitos dela", conta Maria, rindo.
Fé infantil
Para achar o tom ideal da loucura de Lili, Maria disse que buscou referências no filme "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavetes e também em amigas ciumentas. Ela conta que nunca mudaria para o mesmo prédio de um ex para infernizar sua vida e nem interceptaria correspondências para saber com quem ele está se relacionando, como Lili faz, mas, no caso hipotético de ter uma amiga paranoica como Lili, não iria tentar dissuadi-la de manter a obsessão. "Não estou defendendo, mas não julgo a Lili porque ela tem uma fé infantil, ela acredita tanto que está certa e você acaba achando que o que ela faz não é tão ruim", diz a atriz.
Maria acha que o tempo de convivência com Lili também serviu para ela prestar mais atenção nas próprias obsessões. A mais grave, revela a atriz, é a mania de escovar os dentes a todo o momento. "Até depois de comer bala, só não escovo depois do chiclete, se for de menta", contou, aos risos.
"Sou o rei da ex-namorada louca", diz João Vicente de Castro.
"Lili, a Ex" também traz o ator João Vicente de Castro, um dos fundadores do canal de comédia Porta dos Fundos, no elenco. Ele interpreta o ex-cunhado de Lili, Reginaldo, um homem obcecado pela própria beleza que tem surtos de vaidade quando descobre o primeiro fio de cabelo branco. O comediante diz já ter sofrido na pele o que Lili faz com o ex-marido. "Sou o rei da ex-namorada louca, minha ex-mulher [a atriz Cléo Pires] não é nada louca, vamos deixar isso claro, mas já tive várias situações com ex-casos, a pior foi uma que subornou o porteiro do meu prédio", contou o atual namorado da apresentadora Sabrina Sato.
Acostumado aos improvisos das esquetes do Porta dos Fundos, João Vicente diz que pediu autorização para Caco Galhardo, criador de "Lili, a Ex" e roteirista da série, para fazer improvisações nas cenas. "Sempre enfio uma coisa minha", disse ele, acrescentando que aceitou o convite por achar o roteiro "surpreendentemente bom no sentindo de quem tem muita coisa ruim no Brasil". Aos telespectadores, ele disse que podem esperar muito humor de constrangimento da série. "Não é palhaçada, é esperto, é feito inteligentemente, um humor bem fino", concluiu.