Última novela de Manoel Carlos é "dívida de amor" a Lilian Lemmertz
Carla Neves
Do UOL, no Rio
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Claudio Andrade/Foto Rio News
Júlia Lemmertz será a última Helena do autor
Os amantes do Leblon e das Helenas de Manoel Carlos ficarão felizes a partir desta segunda-feira (3). É que estreia na Globo "Em Família", décima e última novela do escritor que tem uma Helena como protagonista. Desta vez, a personagem principal ficará a cargo de Júlia Lemmertz. A escolha de Júlia é uma homenagem do autor a Lilian Lemmertz, mãe da atriz e a primeira a viver uma heroína de Maneco, na novela "Baila Comigo", em 1981.
"Essa ponte que fiz já era algo que vinha pensando há tempos. Quando achei que tinha que encerrar o ciclo das Helenas, não pensei em outra pessoa que não fosse a Júlia. Tinha vontade de escrever para ela. A matriz é a Lilian Lemmertz, mãe da Júlia, e eu tinha essa dívida de amor que eu pago através dessa escolha. Mas não vou parar de escrever. Quero me dedicar a projetos mais curtos, menos cansativos", garantiu Maneco no lançamento da trama.
Com direção de núcleo de Jayme Monjardim e direção geral de Leonardo Nogueira, a novela tem três fases. A primeira mostrando a infância dos personagens, a segunda a juventude, e depois pula 20 anos. As cenas acontecem no Rio de Janeiro e em Goiânia.
"Essa foi a grande novidade. A cidade de Goiânia é linda, merece esse destaque, mas haverá algumas cenas no Leblon também", contou.
A história gira em torno dos encontros e desencontros dos primos Laerte (Gabriel Braga Nunes) e Helena (Júlia Lemmertz). Ele, um jovem talentoso consumido por um amor que se torna uma obsessão pela prima e que cresce cada vez que o amigo Virgílio (Humberto Martins) se aproxima dela. Ela, uma adolescente que sabe que é amada e desejada e talvez por isso seja inconsequente em relação aos sentimentos do primo.
Os meus não são assim. Os meus são pessoas comuns, como na vida real, que fazem besteiras, têm ódio, inveja, agridem. Mas não deixam de ser vilões de certa forma
Uma grande tragédia, contudo, marca o primeiro desencontro dos dois, que voltam a se encontrar 20 anos depois.
"Essa relação entre primos sempre foi muito comum e é recorrente em minhas novelas. Talvez até por eu mesmo ter vivido um amor de adolescente com uma prima", contou o autor.
Questionado se "Em Família" terá vilões, Manoel Carlos afirmou que não. E explicou que não como os vilões das últimas novelas do horário nobre, que têm virado assassinos.
"Os meus não são assim. Os meus são pessoas comuns, como na vida real, que fazem besteiras, têm ódio, inveja, agridem. Mas não deixam de ser vilões de certa forma", explicou.
Como de costume, o autor contou que abordará problemas do cotidiano. O alcoolismo será um tema presente na trama através de Felipe (Thiago Mendonça).
"Ele será um jovem alcoólatra e poderemos ver como isso desestrutura uma família. Vou mostrar como é o começo de um grande problema que pode desencadear na perda do emprego, da mulher, da família e dos filhos", adiantou.
Outro personagem que deverá despertar o interesse do público, segundo Maneco, será Benjamin (Paulo José), que sofrerá de Parkinson, mesma doença do ator na vida real.
"Ele fará uma pessoa que tem a doença, mas luta para sair dela. O Benjamin não quer ser paparicado e também gostaria de ajudar outros idosos, vítimas da mesma enfermidade", opinou.
Para o autor, o casal homossexual Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) também deve mexer com os telespectadores. Maneco garantiu que as duas viverão uma grande história de amor e, se houver necessidade, escreverá um beijo gay no roteiro.
"Tenho certeza que o Jayme Monjardim (diretor) vai gravar. Mas se vai ao ar... Aí eu não sei", disse, bem-humorado.