Danielle Winits diz que tem gente que torce por Amarylis de "Amor à Vida"
James Cimino
Do UOL, em São Paulo
-
Divulgação/TV Globo
Em "Amor à Vida", Amarilys diz a Niko que não vai entregar o bebê
Algumas semanas após ir ao "Domingão do Faustão" dizer que sua personagem Amarylis, da novela "Amor à Vida", era vítima de machismo, a atriz Danielle Winits parece ter mudado um pouco de opinião sobre os motivos que movem a dermatologista que se oferece para gerar um filho para um casal de amigos homossexuais, envolve-se com um deles e se recusa a entregar a criança.
Em entrevista ao UOL, Winits afirma que "está cada dia mais difícil de defender a Amarylis". "Ela é totalmente desequilibrada e infantil. Não acredito, no entanto, que ela agiu com total premeditação. Não foi assim que eu a construí."
E apesar das muitas críticas que o comportamento da médica recebe, a atriz contou que, por incrível que pareça, tem gente que torce por ela. "Esses dias fui ao banco, e a gerente chegou para mim e disse: 'Diz pra mim que você vai ficar com o bebê e com o Eron e que a família tradicional vai vencer?' Só porque se trata de um casal gay. Ainda tem muito preconceito sobre esse assunto." Leia a entrevista:
UOL – Quando, na sua opinião, a Amarylis perdeu a razão nessa história?
Danielle Winits – Amarylis passou a perder a razão no momento em que teve a criança e se recusou a cumprir o acordo. Ali ela meteu os pés pelas mãos. Porém eu acho que a discussão que isso está levantando é muito atual. Conheço muitas mulheres obcecadas por essa ideia de ter uma família, especialmente neste momento em que as pessoas estão cada vez mais individualistas. Mesmo assim, ela tinha o direito de fazer o que está fazendo? Até que ponto a solidão de uma pessoa pode acabar com uma amizade?
Quando você defendeu a personagem no Faustão e disse que ela era vítima de machismo, muita gente achou que você estava justificando as atitudes dela...
De jeito nenhum! Eu não defendo a traição dela, nem dela nem do Eron (Marcello Antony). Ninguém tem o direito de fazer o que ela fez meramente pra preencher um vazio emocional. Ela se desviou do caminho da ética por carência.
Se você estivesse no lugar Niko [Thiago Fragoso], como você reagiria?
Eu faria igual a ele. Na verdade eu acho que o Niko é até legal demais...
E os telespectadores que te abordam na rua dizem o que? Dão razão a ela?
Tem umas coisas que eu escuto que pelo amor de Deus, viu? Esses dias fui ao banco, e a gerente chegou para mim e disse: "Diz pra mim que você vai ficar com o bebê e com o Eron e que a família tradicional vai vencer?" Eu respondi que o Eron e o Niko também eram uma família. Ainda existe muito preconceito envolvendo essa história toda.
Como telespectadora você torceria para quem?
Eu torço para que tudo fique bem entre os três e que nenhum saia machucado...
Você acha a Amarylis desequilibrada?
Totalmente desequilibrada. E infantil. Aquele negócio que ela tem de "eu quero porque eu quero" evidencia muito isso.
Você não acha que o Niko talvez tenha errado em não querer que a criança tivesse uma figura materna em sua vida?
Acho que não era esse o objetivo dele. Ele queria um filho pra ter com o Eron e queria que fossem só eles dois e a criança. Mas eu acho que ele não teve tato. Ela amamentando e ele querendo mandar ela embora. Ficou uma coisa mercadológica. Ela se sentiu usada.
Você acha que nesse caso não seria melhor para a criança ter dois pais e uma mãe?
Eu acho bacana isso. Porque, bem ou mal, essa criança tem mãe. E acho que por mais diferente e dolorida que a verdade possa ser, é sempre melhor a criança saber o que se passa na vida dela. Veja o caso de adoções, por exemplo. Em algum momento a criança vai questionar. Eu considero as duas figuras, materna e paterna, importantes, mas não julgo quem não acha. Enquanto houver amor e aceitação, tudo fica melhor. Eu mesma não tenho família tradicional. Tive padrasto, agora a minha família, meus filhos, também formam outro modelo e meu companheiro de hoje, que não é pai biológico, é como um "paidrasto" para os meus filhos. Acho que o amor está acima da biologia. Então, o que vale mais? O casal hetero infeliz ou o casal gay mais que feliz? E a gente sabe o quanto a felicidade alheia incomoda, né?