Saramandaia

"Tive liberdade para fazer o que quisesse", diz Linhares sobre remake de "Saramandaia"

Por Claudia Dias

Do UOL, no Rio

Uma novela completamente nova. Foi assim que Ricardo Linhares definiu a adaptação que fez para "Saramandaia", que estreia nesta segunda-feira (24) no horário das onze na Globo. O autor de 51 anos, que assistiu à primeira versão, exibida em 1976, quando tinha 14, teve independência para escrever novos diálogos e acrescentar personagens à obra original de Dias Gomes. "É legal agora, que a Globo está fazendo um resgate dos clássicos da teledramaturgia, trazer "Saramandaia" para as novas gerações, com essa possibilidade enorme de recursos e efeitos especiais. Melhor ainda foi que eu tive liberdade para fazer o que eu quisesse", opinou.

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A ditadura não existe mais. Então, retirei a parte que fala especificamente sobre isso. Mas existe a política. O que vamos ver é um reflexo do que se vê na vida real. São jovens lutando para tirar os velhos do poder. Vai ter até mensalão na novela

O principal diferencial desta versão é o tema central, segundo Linhares. "O foco agora é a história de amor da Lília com o José Mayer, que é uma coisa nova", definiu.  A crítica política terá a mesma importância, mas vai mostrar as diferentes fases da história. Na primeira versão, havia uma metáfora da ditadura militar. Agora, até os mensaleiros terão lugar.  "A ditadura não existe mais. Então, retirei a parte que fala especificamente sobre isso. Mas existe a política. O que vamos ver é um reflexo do que se vê na vida real. São jovens lutando para tirar os velhos do poder. Vai ter até mensalão na novela, mas isso eu não posso contar", despistou. 

Na trama, a corrupção é mostrada através do personagem de José Mayer.  "O Zico Rosado representa os dinossauros que estão no Congresso Nacional há 20 ou 40 anos, desde a ditadura, que mudam de partido, mas não largam o osso. Essa realidade brasileira, dos caras pintadas, dos jovens, dos que vão para a rua protestar, está dentro da novela. Eu atualizei isso dentro do que a gente vê no dia a dia".

A 'nova' "Saramandaia" não vai abandonar o realismo fantástico. "A última novela com realismo fantástico foi "Porto dos Milagres", que escrevi com o Aguinaldo (Silva). Elas têm uma crítica social, mas não tem explicação. Por que alguém solta formigas pelo nariz? Não é por mutação genética. É diferente. O público, hoje em dia, está esperando respostas mais objetivas e mais realistas. Colocar uma novela como 'Saramandaia' no ar é um grande desafio e eu fiquei feliz da Globo ter topado".

Nesta versão, ainda haverá o homem que voa, o que bota o coração pela boca e a Dona Redonda, que explode, além de novos personagens. "Até os que foram criados para essa versão são de realismo fantástico.  A personagem da Lília (Cabral) se derrete por amor.  O personagem do Tarcísio Meira cria raízes. Nada disso existia na versão passada", disse.

Ainda entre as novidades, está a modernização da trama nos diálogos e comportamento dos personagens. "Não pego nenhum diálogo do Dias Gomes. Só aproveitei algumas expressões. A novela do Dias Gomes se passava no Nordeste e essa se passa em algum lugar do Brasil sem sotaque. Os personagens têm tablets, celular e se falam por Skype. São modernos e estão inseridos dentro da nossa realidade", explicou.

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