A maior diferença entre a Dona Redonda interpretada por Wilza Carla, na primeira versão de "Saramandaia", exibida em 1976, e que será vivida por Vera Holtz a partir da próxima segunda-feira (24), é a sensualidade. Segundo o autor do remake, Ricardo Linhares, além de muito vaidosa, a obesa será acima de tudo fogosa. E a relação com o marido, Seu Encolheu, vivido por Matheus Nachtergaele, vai esquentar a trama. Vera Holtz brincou sobre o assunto. "O mesmo apetite que ela tem para comer, tem pelo marido, o pequenininho dela", divertiu-se a atriz.

Ter 250 kg em cena não é um problema para a atriz, que leva cerca de quatro horas para compor a personagem. Subir na balança também não, apesar de ter vivido em uma época onde os padrões de beleza valorizavam as magras. "Sou da geração Twiggy (modelo inglesa dos anos 60). Você imagina, né? Nossa referência era a Barbie e a Twiggy. Isso sempre foi um trauma na minha geração. Mas eu ia para a Índia. Lá, era bom ser gordo, fazíamos um sucesso danado", completou Vera, que confessou nunca ter sido rígida com o seu peso. A preocupação da atriz passa apenas pela questão da saúde e de envelhecer bem. "Faço um trabalho de medicina preventiva. E, obviamente, tenho que comer o que eu posso e o que o meu apetite aguenta. Tenho 60 anos e a vida começa a ter mais limites com relação à saúde. Venho me preparando porque quero chegar bem na minha data de validade", disse ela.

Para compor e entender a personagem, Vera frequentou fast foods nos Estados Unidos, mas não se privou de experimentar as iguarias.  "Fui ver como é o comportamento, o olhar e a sagacidade do obeso mórbido, que é o caso da Redonda. Mas, também comi, sentava junto e mandava beijo para os obesos. Eles correspondiam com um olhar muito doce, mas com aquele prato imenso por baixo. Era uma coisa impressionante", lembrou.

Quatro horas para compor o figurino, uma hora para tirar, todas as dificuldades de se ver com 250kg... nada disso assusta Vera. Muito pelo contrário. Foi exatamente esse trabalho de composição que a levou a aceitar o convite para voltar à televisão tão pouco tempo depois da marcante Mãe Lucinda, de "Avenida Brasil. "A Mãe Lucinda virou uma entidade. As pessoas me pedem a bênção nas ruas.Eu nunca tinha feito um trabalho de composição. Nos últimos, pouco passava pela sala de maquiagem. Com a Dona Candê e a Mãe Lucinda, era só chegar e colocar a minha roupa. Eram mulheres despojadas de vaidade. Dona Redonda, além de muito vaidosa, é uma mulher que exige um trabalho muito grande de caracterização", finalizou.