No ar em sua terceira novela, sendo a primeira no horário nobre, o ator Anderson Di Rizzi tem divertido os telespectadores ao dividir as cenas cômicas com a estreante Tatá Werneck (Valdirene) em "Amor à Vida", da Globo. No papel de Carlito, um pobre completamente apaixonado pela periguete, diz que é ela quem comanda essa relação. "A Valdirene é o homem da relação", afirmou o ator, em entrevista ao UOL.

Anderson garante que Carlito não é bobo, mas vê a jovem "além das aparências": como uma mulher boa, com a qual ele quer casar, ter filhos e construir uma família. "Ele não vê a Valdirene como as outras pessoas a veem. É diferente, ele gosta muito dela. Já conversei muito com o Mauro [Mendonça Filho, diretor da trama] sobre o futuro deles", contou.

Anderson e Tatá se conheceram durante o workshop do folhetim e, para criarem mais entrosamento nas cenas, começaram a sair juntos na vida real. "Passeávamos de ônibus, íamos a bailes sertanejos, saíamos para jantar. Ela é uma grande atriz", elogiou. Craque nos improvisos, a humorista costuma fazer brincadeiras com os colegas nos bastidores. "A Tatá surpreende o tempo todo, em uma das cenas ela incorporou o Capitão Nascimento [personagem vivido pelo ator Wagner Moura nos cinemas], gritou e deu um tapa na minha cara. Me segurei para não rir", revelou Di Rizzi, que não esperava pelo safanão.

A cena citada acima deverá ir ao ar na próxima quarta-feira (26), quando Márcia (Elizabeth Savalla), Atílio/Gentil (Luis Melo) e a ex-chacrete Rita Cadillac estarão em um baile funk. Márcia e Rita começarão a brigar, e Valdirene pedirá para Carlito separar as duas. "Vai palhaço", dirá Valdirene, que dará uma bofetada no rosto de Carlito.

Para compor o personagem que tem o sonho de ser DJ, Anderson contou com a ajuda da cantora Negra Li, que nasceu e tem família no bairro da Brasilândia, zona norte de São Paulo, para conhecer melhor a vizinhança da periferia onde Carlito mora na ficção.

"A rua é uma escola para mim. Observo muito. A internet também funciona como aliada na pesquisa. Conversei com a Tatá [Werneck] para saber como ela vê meu personagem e fui construindo... Vamos assistindo e melhorando",  disse o ator, que não gosta de se ver na televisão – "É difícil eu gostar de alguma coisa minha".

Anderson também aproveitou para realizar alguns desejos pessoais. "Sempre quis fazer um curso de DJ e com a novela comecei a estudar. Quero investir nisso. Sou muito sonhador assim como o Carlito. Ele tem pureza, não vê maldade nas pessoas. Era assim antigamente, mas depois a vida vai ensinando", comentou o artista sobre a semelhança com o personagem.

Ficção e realidade

Na vida real, o ator também teve uma Valdirene em sua vida e sofreu com o relacionamento conturbado. "Por dois anos namorei uma menina e depois descobri  que ela mentia muito. Uma vez ela me deixou em uma festa, foi para outra e ficou com outro cara. Era igual a Valdirene, inclusive se vestia como ela", relatou o jovem natural de Campinas, interior de São Paulo.

Em relação ao preconceito que Valdirene sofre na trama e ao fato da personagem ser hostilizada pelo seu jeito de se vestir, Anderson não acredita que a roupa representa o que a pessoa é de fato. "Eu procuro não julgar as pessoas pelas aparências. A gente tem que conhecer antes. A sociedade é preconceituosa e talvez por isso a Valdirene não se encaixe no padrão. A roupa é um resultado das atitudes da pessoa, nesse sentido a Valdirene foge dos padrões, do que as pessoas esperam".

Caricaturas

Por ter vivido personagens tão caricatos, como o professor Josué do remake "Gabriela" (2012) e o sargento Xavier de "Morde & Assopra" (2011), Anderson tem que se controlar para não ficar com cacoetes. "Tenho medo de repetir os gestos dos personagens e sempre me policio com isso. Tento descobrir novas posturas. O Xavier, por exemplo, tinha o lance da boca grande e eu tenho a boca grande. Tento sempre me livrar dos meus ex-personagens, mas um sempre vai lembrar outro", revelou Rizzi. 

Mas não teme mudar o visual e aparecer nas telas gordo ou com dentadura, como acontecerá no filme "O Concurso", do diretor Pedro Vasconcellos. Em sua estreia nos cinemas, Anderson viverá um intelectual cearense e contracenará com a apresentadora Sabrina Sato e o ator Danton Mello. "Filmei com uma dentadura e me senti feliz, conseguir fugir dos meus outros personagens", disse. A ideia de usar a prótese foi dele, e o diretor "adorou".

O longa estreia nos cinemas em 19 de julho e conta a história de quatro estudantes que se conheceram no Rio de Janeiro e são candidatos para um concurso de Juiz Federal. Eles se encontram 48 horas antes da apresentação para o exame oral e somente um deles é aprovado. "Além da televisão, quero direcionar minha carreira para o cinema, além de novelas", finalizou Anderson.