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20/10/2010 - 19h04

"Agora podemos ousar mais", diz criador de "Sons of Anarchy" sobre a terceira temporada

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
  • Pôster da terceira temporada da série Sons of Anarchy, exibida pelo canal FX, com o ator Charlie Hunman, intérprete do motoqueiro Jax (set/2010)

    Pôster da terceira temporada da série "Sons of Anarchy", exibida pelo canal FX, com o ator Charlie Hunman, intérprete do motoqueiro Jax (set/2010)

ALERTA DE SPOILER: SE NÃO QUISER SABER DETALHES IMPORTANTES DA SÉRIE, NÃO CONTINUE A LER ESTE TEXTO

As coisas estão muito complicadas na bucólica cidade de Charming, no norte da Califórnia. O bebê Abel, filho de Jax com a namorada junkie da primeira temporada, sumiu. Vovô Nate está sofrendo de Alzheimer’s em estado avançado e a acompanhante, uma latina muy salerosa, atrai a atenção de Tig. Os Mayans continuam aprontando, Gemma teve que fugir e os irlandeses… os irlandeses são um problema à parte.  “Eu sempre imaginei o arco narrativo com este nível de complexidade”, diz Kurt Sutter, o criador, principal roteirista e showrunner de "Sons of Anarchy", a série do FX que, contrariando todas as expectativas (até mesmo do próprio Sutter), está chegando, este mês, à sua terceira temporada e é a líder de audiência do canal. “Sinto que, agora, temos um núcleo suficientemente engajado de fãs para poder levar a história para onde eu sempre quis. Agora temos um grupo sólido de espectadores com nível suficiente de interesse para ousar mais.”

Sutter tem razão. Depois de um começo hesitante em 2008, "Sons of Anarchy" firmou-se na faixa dos 5 milhões de espectadores, o que, nos EUA, não é um mega-sucesso mas indica, exatamente como ele disse, um grupo constante de fãs que abraça entusiasmadamente o conceito da série: as vidas, aventuras e dramas de um clube de motoqueiros (os Sons of Anarchy do título) numa fictícia cidade do norte da Califórnia.

Seu líder é o circunspecto Clay Morrow (Ron Perlman), motoqueiro velha-guarda, veterano da guerra do Vietnã, sócio-fundador do clube– cujo nome completo é Sons of Anarchy Motorcycle Club, Redwood Original, ou Sam Crow, como é conhecido nas internas - nos idos de 1967. A mulher – “old lady” na gíria dos motoqueiros – de Clay é Gemma (Katey Sagal), mãe do vice presidente dos Sons, Jax (Charlie Hunman) e filha de Nate (Hal Holbrook). A Dra. Tara Knowles (Maggie Siff) é a moça fina que se envolve com Jax e, através dele, com o outro lado de sua aparentemente pacata cidadezinha. Tig (Kim Coates), Bobby (Mark Boone), Chibs (Tommy Flanagan), Juice (Theo Rossi), Opie (Ryan Hurst) e Piney (William Lucking) são os outros cabeças da gangue, em batalha perpétua com os Mayans pelo controle da região . Os Sons traficam armas ilegais, e não querem drogas na área de Charming, e os Mayans dominam o mercado da metanfetamina. Dayton Callie é o chefe de polícia que tolera a gangue, mas só até certo ponto. E Titus Welliver – o Man in Black de Lost – é Jimmy O., a conexão irlandesa dos Sons no fornecimento de armas.

“Creio que ninguém tinha visto tão de perto o mundo das gangues de motocicleta, ninguém realmente entendia como elas funcionavam, qual era sua hierarquia, sua cultura”, diz Hunman, inglês de Newcastle e motoqueiro fora das telas (“Harleys, sempre!”).  “Foi Kurt que, através dos anos de pesquisa que acumulou e colocou em seu texto, pôde familiarizar o público e até mesmo nós, do elenco, com esse universo. Na terceira temporada podemos nos ocupar mais do mundo interior dos personagens.”

Para Katey Sagal – que é mulher de Sutter na vida real, e conhecida do público de TV por seu trabalho em "Married… with Children" e "The Shield" –, Gemma agora está realmente ciente de seu poder como matriarca. “O mundo dos clubes de motoqueiros é essencialmente machista”, Sagal diz. “Gemma compreende isso e sabe como exercer seu poder sem quebrar as regras desse universo. E isso a torna ainda mais poderosa. Para ela, a lealdade é o centro de tudo. Lealdade e a defesa de sua família.”

“Clay é um dos 9 Redwood Originals, os fundadores do clube – imagino que eles, voltando da guerra da Vietnã, sonharam criar um mundo que pudessem controlar, onde eles tivessem poder”, diz Ron Perlman, assumidamente o pior motoqueiro do elenco (“a moto dele vive virando”, conta Kurt Sutter). “ Sua liderança evoluiu ao longo destes três anos, na medida em que o mundo à volta dos Sons foi alterado. Creio que sua principal preocupação, agora, é manter todo o resto do mundo bem longe desse universo que ele e seus companheiros criaram.”

Sutter – que também é ator, e foi Margos Dezerian em "The Shield" antes de viver o Big Otto de "Sons of Anarchy", atualmente na cadeia – espera poder concluir toda a saga da gangue ao longo dos anos. A série é resultado de mais de um ano de pesquisa convivendo com verdadeiras gangues de motoqueiros do norte da Califórnia – berço do movimento – e fez com que ele mesmo se tornasse um fã de Harleys. “Espero ter a oportunidade de levar esta história até o fim”, diz Sutter. “Cada personagem já tem sua narrativa completa. Agora só preciso de mais quatro anos.”

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