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06/10/2010 - 07h00

Segunda temporada de "Glee" tem novos personagens e um auditório de verdade

ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
  • O ator Chris Colfer (Kurt Hummel, ao centro) apresenta uma homenagem ao filme Victor/Victoria durante apresentação para a imprensa da segunda temporada de Glee

    O ator Chris Colfer (Kurt Hummel, ao centro) apresenta uma homenagem ao filme "Victor/Victoria" durante apresentação para a imprensa da segunda temporada de "Glee"

“Um ano atrás eu estava vivendo uma mistura estranha de empolgação e terror”, diz Ryan Murphy, um dos criadores e o showrunner da premiada série “Glee”. “Não sabíamos quanto tempo iríamos durar. Tudo parecia conspirar contra. O que eu mais ouvia à minha volta é que uma série com estas características e estes personagens não teria a menor chance no mercado.” Murphy olha à volta, satisfeito: “Que diferença faz um ano...”

De bermuda cáqui, mocassins sem meia e camisa social xadrez de mangas dobradas, numa escaldante manhã de começo de outono em Los Angeles, Ryan Murphy irradia orgulho e felicidade sentado na primeira fila do que é um dos maiores triunfos da série – um auditório com 300 lugares, novinho em folha, construído dentro do estúdio 16 do lot da Paramount, no coração de Hollywood.

É um cenário – um dos cenários mais importantes e frequentes de “Glee”, local das apresentações do grupo vocal New Directions, protagonista da série. Mas também é um auditório de verdade, com um belo palco, cortinas, coxias, poltronas confortáveis e sistema de som e luz de última geração. O plano, Murphy conta, é usar as poltronas do auditório como ferramenta para ações em benefício de programas de artes e música nas escolas públicas: “Vamos, eu e a garotada do elenco, bater em todas as portas importantes desta cidade pedindo contribuições. Em troca, cada poltrona vai ganhar uma placa com os nomes dos benfeitores”.

Líder de audiência em seu horário – terças-feiras, horário nobre - na cobiçada faixa dos 18 aos 49 anos, indicado a vários Emmys (dos quais levou 4, inclusive para Jane Lynch, como atriz coadjuvante) e ao prêmio da Directors Guild, vencedor do Globo de Ouro e do prêmio da Screen Actors Guild para conjunto de elenco na TV, “Glee” começou em agosto a gravar o que nem Murphy nem seus “garotos”, como ele chama, podia antecipar – sua segunda temporada, no ar nos EUA desde 21 de setembro. No Brasil, o segundo ano de “Glee” deve estrear apenas em 2011, segundo a Fox.

Como em 2009, a produção voltou para os estúdios da Paramount, com algumas mudanças. Além do auditório – “antes tínhamos que ir até Long Beach para essas cenas”- o elenco fixo recebeu algumas participações importantes: John Stamos como o dentista que é o novo rival do Professor Will Schuester (Matthew Morrison) pelo amor da orientadora vocacional Emma Pillsbury (Jayma Mays); e a ex-lutadora e fisiculturista Dot Jones como a nova treinadora do time de futebol, Beiste (prontamente rotulada por Sylvester como “um pecado contra a natureza”). “Conheci Dot quando estava escolhendo o elenco de um episodio de “Nip/Tuck” que acabou nunca indo ao ar”, Murphy explica. “Fiquei absolutamente fascinado por ela _ é uma mulher gigantesca, uma verdadeira amazona, mas de uma incrível doçura, uma alma linda. Sempre quis escrever um papel para ela, e agora nesta temporada finalmente consegui.”

Além do episódio em torno de Britney Spears – que foi ar na semana passada nos EUA e bateu recordes de audiência - a nova série verá uma homenagem a “Cantando na Chuva” (“e prometo que Dot vai cantar e dançar”, Murphy diz), uma participação de Javier Bardem como um roqueiro espanhol que foi o primeiro namorado de Sue Sylvester e um especial de Halloween com a versão “Glee” de “Rocky Horror Show”, dirigida por Adam Shankman.

As luzes se apagam no auditório e Murphy se ajeita na poltrona – Matthew Morrison, Lea Michele e Amber Riley, um por um, ocupam o centro do palco para interpretar algumas de suas canções favoritas. “Ainda estamos testando os elementos de cena”, Murphy explica, sussurrando. “E acho que assim você pode ver como montamos os números musicais, a partir de uma performance deles que serve como base para uma gravação.”

Morrison canta sua “canção favorita da Broadway”, “On the Street Where You Live”, do musical “My Fair Lady”. Lea Michele explica que sempre quis ser Barbra Streisand e que “Funny Girl” – a canção que interpreta – é “um pouco meu autorretrato”. Encerrando, Amber se confessa “fã de Simon e Garfunkel” e ataca uma arrepiante versão de “Bridge Over Troubled Water”.

As cortinas se fecham momentaneamente e Murphy se vira para explicar o que está acontecendo: “Acabamos de ensaiar um número grande para um episódio que vai ao ar em breve e queremos testar aqui no palco. Sou fã de Julie Andrews e 'Victor/Vitoria' foi um filme muito importante na minha vida. Escolhemos Le Jazz Hot, do filme, para um episódio sobre duetos – o personagem Kurt (Chris Colfer) não consegue ninguém para fazer um dueto com ele, então resolve cantar em dueto consigo mesmo…”

As cortinas se abrem: o palco agora é uma versão simplificadíssima de um “supper club” chique dos anos 20, com músicos de jazz em silhueta, dançarinos de casaca e uma escadaria da qual, triunfantemente, desce Chris Colfer num traje semelhante ao de Julia no filme- metade preto e masculino, metade branco, franjado e feminino. Elenco, visitantes, a equipe que se aglomera nas coxias e o próprio Ryan Muprhy aplaudem entusiasticamente ao final.

“Nós escrevemos ‘Glee’ pensando num mundo que ainda não existe, mas que gostaríamos que existisse”, Ryan Murphy comenta, depois, enquanto o elenco se agrupa no palco para uma foto de divulgação. “Um mundo em que os fracos e os discriminados encontram sua voz, e onde é ‘cool’ ser adolescente e gostar das artes. Fico feliz pensando que, talvez, a popularidade da série possa contribuir para que esse mundo afinal se realize.”
 

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