"Na televisão os mais velhos vão perdendo a vez", diz Beatriz Segall
comentários 25

Do UOL, em São Paulo

Ouvir texto
0:00
Imprimir Comunicar erro
  • Reprodução/TV Cultura

    Beatriz Segall na estreia do "Persona em Foco", da TV Cultura

    Beatriz Segall na estreia do "Persona em Foco", da TV Cultura

Aos 88 anos, Beatriz Segall ainda tem muita energia para trabalhar e deixou isso bem claro durante a estreia do programa "Persona em Foco", da TV Cultura, nesta terça-feira (30). Ela se mostrou desanimada com as poucas oportunidades no mercado de trabalho para atrizes veteranas.

"Não está fácil não. Tenho trabalho, mas não muito. Na televisão e no cinema os mais velhos vão perdendo a vez. Quando tem uma boa atriz de idade é ela quem faz o mesmo papel sempre. Em geral, quanto mais velha, mais vai perdendo espaço", disse ela que parou a carreira por 14 anos. "A verdade é que era muito dividida entre a vontade de fazer uma carreira e a vontade de fazer uma família", continuou.

Questionada por uma pessoa da plateia sobre quais são seus planos para o futuro, Beatriz brincou que seu tempo é curto. "Eu lá tenho futuro? Ator sempre tem planos de trabalhar. Tenho coisas que estão me prometendo, me chamando, então vou trabalhar. De qualquer forma, eu já fiz muito isso, então preciso descansar", falou.

A atriz também opinou que a televisão não é feita para educar, mas acaba cumprindo essa função. "O que você vê na televisão é uma aula, que se espalha, mas que se fizer uma maneira errada ou que vá contrário à cultura do país, deforma".

Beatriz se disse contrária à cobrança de meia entrada em espetáculos teatrais, já que esta não seria uma obrigação do produtores teatrais, nem dos atores.

"São muito caros os impostos. O governo nos obriga a ceder 50% de uma entrada quando quem deve oferecer educação e cultura é o Estado. Quando nós cedemos a metade do ingresso, o governo deveria nos ressarcir."

Literatura teatral

A plateia do "Persona em Foco", formada por estudantes e jovens atores, não havia lido ainda o espetáculo "A Morte do Caixeiro Viajante", de Arthur Miller, o que decepcionou Beatriz. Inconformada, ela reagiu.

"Isso é uma vergonha. Vocês querem fazer teatro e não leem teatro? Como vocês querem fazer e não conhecem? Precisam conhecer a evolução desses textos, personagens, senão nunca vão ser atores."

Antes de acabar o programa, a atriz ainda deixou um conselho para a plateia: "Leiam. Isso é muito importante. Além de toda literatura brasileira, que é muito importe, mas há dois autores que mostram os mais diferentes tipos de seres humanos: o Balzac e o Dickens. Leiam esses dois porque são extraordinários".

Veja também

Avatar do usuário

Avatar do usuário

960

Compartilhe:

Ao comentar você concorda com os termos de uso

  • Todos
  • Mais curtidos
  • Escolha do editor
    Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
    Leia os termos de uso

    UOL Cursos Online

    Todos os cursos